A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, deve se filiar ao PSD de Gilberto Kassab no próximo dia 10 de março. Embora ainda não tenha sido oficializada, a migração já era esperada pela cúpula do PSDB.
Interlocutores da governadora já vinham percebendo ter ‘sinais trocados’ nos últimos meses, e aguardam que ela confirme a mudança ainda nesta terça 25. Procurada, a assessoria de Raquel Lyra não se manifestou. O espaço segue aberto.
A mudança de partido marca o agravamento de uma debandada no PSDB, legenda pela qual Lyra foi eleita. Ela havia sido convidada a se filiar ao PSD ainda no ano passado, mas as negociações foram suspensas enquanto o PSDB discutia uma possível fusão com o partido de Kassab. As conversas não avançaram devido a divergências regionais. Em Minas Gerais, por exemplo, a aliança poderia prejudicar os planos de Aécio Neves de retornar ao Senado em 2026.
Ninho esvaziado
Se 1988 marcou a fundação do PSDB, 2025 pode entrar para a história como o ano da extinção de uma das siglas mais tradicionais da política brasileira. Após amargar seu pior desempenho nas eleições de 2024, o partido agora trava uma corrida desengonçada pela sobrevivência.
Como mostrou CartaCapital, uma ala pragmática da legenda defende a fusão, como ocorreu com PSL e DEM, ou uma incorporação, a exemplo do PSC, que agora faz parte do Podemos. Os tucanos mais idealistas, contudo, rejeitam essa ideia e defendem o respeito à trajetória do partido.
Embora tenha sua história entrelaçada à redemocratização do Brasil, o PSDB não tem conseguido empolgar os eleitores. Em 2022, perdeu nas urnas o domínio histórico que mantinha sobre São Paulo.
Naquele ano, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) avançaram ao segundo turno, deixando Rodrigo Garcia para trás com seus tímidos 18,40% dos votos válidos.
Além disso, a sigla não conseguiu eleger nenhum senador e viu sua já reduzida bancada de 22 deputados federais encolher para 13. Se 2022 foi um ano ruim, 2024 marcou o auge da crise tucana, com o pior desempenho eleitoral de sua história: o partido não elegeu prefeitos em nenhuma capital.
A principal aposta do PSDB em São Paulo, o apresentador José Luiz Datena, perdeu fôlego e terminou em quinto lugar, com apenas 1,8% dos votos válidos. A legenda jamais havia saído de uma disputa em capitais sem eleger ao menos um candidato.
Sem Raquel Lyra, sobrarão ao PSDB apenas dois governadores, Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, e Eduardo Riedel, no Mato Grosso do Sul.