A demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde foi oficializada pelo presidente Lula (PT) nesta terça-feira 25, após semanas de especulações sobre sua saída da Esplanada. A pasta era cobiçada pelo Centrão, mas será, por decisão de Lula, comandada por Alexandre Padilha, que até aqui tocava a articulação política do governo.

Nísia deixa o cargo dois anos após ser nomeada. Cientista social de formação, ela presidia a Fiocruz antes de ser levada ao governo. No período em que esteve na Esplanada, a leitura foi de que não conseguiu estampar uma marca para a atual gestão. A pasta tem um dos maiores orçamentos e, politicamente, a conclusão é de que poderia servir de alavanca para a popularidade de Lula, que atravessa um momento de crise.

A visão de que Nísia não conseguiu gerar uma agenda positiva para Lula era compartilhada por governistas. O presidente chegou a ‘dar uma bronca’ na ministra ao fim do primeiro ano de mandato. As críticas, porém, foram transmitidas, em maioria, por membros do Centrão. O grupo estava de olho no Ministério, justamente pelo tamanho do orçamento, de quase 230 bilhões de reais. Arthur Lira (PP-AL), o poderoso ex-presidente da Câmara, vale lembrar, teve papel importante no processo de fritura da agora ex-ministra.

Nísia ainda não comentou sua demissão.

Apesar da grande cobiça do Centrão pelo comando do Ministério, quem irá chefiar a pasta neste segundo tempo de governo será Alexandre Padilha. O petista, que até aqui era o ministro de Relações Institucionais de Lula, terá a missão de impor novo ritmo na pasta. A ideia é lançar programas que possam ser novas marcas de governo e sejam capazes de impulsionar a avaliação popular de Lula.

Padilha, importante citar, já ocupou o cargo entre 2011 e 2014, no segundo governo de Dilma Rousseff (PT). Deputado federal e médico, Padilha foi o responsável por implementar o programa Mais Médicos, em 2013. A iniciativa marcou a gestão petista e foi responsável por levar doutores a regiões isoladas e carentes de atendimentos.

O Mais Médicos também ficou conhecido amplamente pela presença de cubanos, que passaram a atuar no Brasil após passarem por uma validação de diplomas. A parceria foi duramente questionada pela oposição e pela extrema-direita, mas comprovadamente deu novo gás ao programa, que cumpriu com o objetivo de ampliar a presença do SUS nos rincões brasileiros.

No Ministério da Saúde, Padilha também foi responsável por ampliar o número de atendidos pela Farmácia Popular, feito que o governo Lula III tenta repetir em 2025, conforme indicou o próprio presidente em pronunciamento de rádio e TV exibido na noite desta segunda-feira 24.

O substituto de Padilha na articulação política (Relações Institucionais) não foi anunciado.

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Last Update: 25/02/2025