Em evento no Palácio do Planalto nesta terça (25) com a presença do presidente Lula e da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou acordo com o Instituto Butantan para a produção da primeira vacina totalmente brasileira para o combate à dengue. A vacina para o Sistema Único de Saúde (SUS) terá dose única com a previsão de produção de 60 milhões de doses anuais a partir de 2026.

O objetivo é atender o Programa Nacional de Imunizações entre 2026 e 2027.

Na sua fala, Nísia alertou que mesmo que se apresente alguma redução nos casos de dengue não é possível descuidar com a prevenção, por isso a vacina será de extrema importância, uma vez que protege contra os quatro sorotipos de dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).

“É uma vacina em dose única e vai ser válida para os quatro sorotipos. Vários artigos científicos demonstram esse poder [de proteger contra as variantes]. A vacina já tem a definição de 60 milhões de doses em 2026 e a continuidade da sua produção. A gente espera, em dois anos, poder vacinar toda a população elegível”, explica.

Leia mais: Farmácia Popular passa a distribuir gratuitamente todos os seus 41 itens

Já o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou a dificuldade em chegar a uma vacina tão abrangente.

“Uma vacina contra os quatro tipos de dengue. É tetravalente, o que facilita muito. E por isso que ela é demorada, leva anos e anos. Você tem um foco de tipo 2, vai lá e testa. Aí fica esperando o tipo 1, vai lá e corre. Depois o 3, o 4, teve que acertar os 4 para ter uma vacina só, tetravalente”, observa Alckmin.

De acordo com o Ministério da Saúde, o projeto conta com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no financiamento da pesquisa clínica, e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para a análise do pedido de registro da vacina para a população de dois a 59 anos.

Insulina e vacinas contra H5N8 e VSR

Ainda na oportunidade, Nísia assinou três parcerias público-privadas para ampliar o leque de tecnologias de saúde em benefício da população:

  • a primeira planta produtiva de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) de insulina da América Latina para a fabricação nacional da insulina Glargina;
  • o desenvolvimento de uma vacina nacional contra gripe aviária (influenza pré-pandêmica H5N8 monovalente);
  • vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

Para a produção nacional do IFA foi assinado acordo com a Fiocruz (Unidade Bio-Manguinhos). Já para a fabricação final da insulina glargina o acordo foi com a empresa Biomm. Conforme a pasta da Saúde, o IFA será feito na planta da Fiocruz em Eusébio (CE). Para tal, a fábrica receberá aportes financeiros também do BNDES e do FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). A previsão para o começo do fornecimento é o segundo semestre desse ano. Estima-se que a produção poderá atingir 70 milhões de unidades anuais.

Leia mais: Governo Lula retoma quase 500 obras da Saúde em todo o país

No caso da vacina contra a influenza pré-pandêmica H5N8 monovalente, o governo visa oferecer, junto com o Instituto Butantan, uma resposta rápida às futuras emergências, compondo estoque de vacina e ajustes rápidos para acompanhar as mutações do vírus. A capacidade produtiva será de 30 milhões de doses/ano.

Por fim, a parceria também com o Butantan e com a Pfizer Brasil permitirá a produção da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), atendendo a demanda do SUS com até 8 milhões de doses anuais.  A doença é uma das principais causas de infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas.

O projeto conta com investimento de R$ 1,26 bilhão até 2027. A estimativa é de que as primeiras vacinas sejam disponibilizadas no segundo semestre desse ano e, com isso, evitar até 28 mil internações anuais por complicações do VSR.

“O VSR corresponde a 80% das internações de crianças no primeiro ano de vida. Essa vacina, portanto, vai trazer proteção e, em complemento a ela, os bebês prematuros terão um anticorpo que vai ser alargado no período de prematuridade considerado pela nossa política. Ao final da parceria, o Instituto Butantan terá a capacidade de produzir até 8 milhões de doses por ano da vacina, atendendo a toda a demanda do SUS”, afirmou Nísia.

Ainda estiveram na cerimônia o presidente da Fundação Osvaldo Cruz, Mário Moreira, o diretor presidente da Biomm, Heraldo Carvalho Marchezini, o presidente da Pfizer Brasil, Alexandre Gibim, o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, assim como parte da bancada do PCdoB na Câmara, com as deputadas federais Jandira Feghali e Alice Portugal, e o deputado Daniel Almeida, entre outras lideranças.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 25/02/2025