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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Por volta das 19h do último domingo, agressores chegaram em um carro de cor cinza e efetuaram disparos de arma de fogo e incendiaram um dos barracos dentro do acampamento. Antes de deixar o local, ainda ameaçaram retornar, intensificando o clima de terror contra as famílias acampadas. Apesar da gravidade do atentado, ninguém ficou ferido. No entanto, o ataque representa mais um episódio da crescente violência contra trabalhadores e trabalhadoras rurais que lutam pelo direito à terra.
O acampamento Egídio Brunetto está localizado na antiga Fazenda Carnayba e abriga cerca de 80 famílias que vivem na área desde 2012. Parte dos 2.580 hectares de terra está registrada em nome de Wellington Coimbra, enquanto outra parte pertence à União, sendo uma área pública sob responsabilidade do Serviço de Patrimônio da União (SPU). Em momentos anteriores, houve interesse por parte do proprietário em negociar a área, porém, com a paralisação da reforma agrária e da obtenção de terras durante o último governo, as terras não foram repassadas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Nos últimos meses, as famílias do acampamento têm sofrido ameaças constantes de pistoleiros e milicianos rurais, que permanecem nas proximidades efetuando disparos e tentando intimidá-las. Na noite do ataque, os criminosos destruíram um barraco e atearam fogo, além de ameaçar incendiar todo o acampamento. Durante a madrugada, houve mais disparos em outro acampamento próximo, com o objetivo de amedrontar e coagir os moradores.
Segundo relatos, os ataques são sustentados por uma empresa de segurança privada, que atua de maneira ilegal na tentativa de realizar reintegrações de posse clandestina. A situação é extremamente delicada, e as famílias estão em estado de alerta, temendo que novos conflitos possam ocorrer a qualquer momento.
Diante desse cenário, é urgente que o governo federal, por meio do INCRA, intervenha imediatamente para intermediar a situação, abrir um processo de negociação e regularizar as terras definitivamente para as famílias Sem Terra. Como parte da área é pública, é fundamental que o Estado assuma a sua responsabilidade e impeça que a violência continue ameaçando a vida e os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.
*Editado por Fernanda Alcântara