Em entrevista exclusiva ao repórter Pavel Zarubin, da VGTRK, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, revelou que o país está aberto a explorar grandes projetos econômicos com os Estados Unidos, especialmente no contexto do conflito em andamento na Ucrânia.
Durante a conversa, que ocorreu após uma reunião sobre o desenvolvimento da indústria de terras raras, Putin também fez críticas ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, destacando a abordagem “racional” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a situação em Kiev.
Putin enfatizou a relevância estratégica das terras raras, minerais essenciais para a indústria moderna, e destacou as vastas reservas que a Rússia possui desses recursos.
“Temos jazidas no norte, em Murmansk, no Cáucaso, em Kabardino-Balkária, no Extremo Oriente, na região de Irkutsk, em Yakutia e Tuva”, declarou o presidente russo.
Contudo, Putin reconheceu que Moscou ainda não realizou investimentos suficientes nesse setor e apontou que são necessários esforços adicionais para expandir a exploração desses recursos.
Em relação às parcerias internacionais, Putin indicou que a Rússia está disposta a colaborar com outros países, incluindo os Estados Unidos, na exploração das terras raras. Ele também mencionou a possibilidade de estabelecer investimentos em áreas como o Donbass e Novorossiya, regiões afetadas pelo conflito.
“Existem reservas lá também, e estamos dispostos a trabalhar com nossos parceiros, incluindo os americanos”, afirmou.
Além disso, o presidente russo sinalizou interesse na colaboração na produção de alumínio, mencionando a construção de uma nova usina hidrelétrica na região de Krasnoyarsk, um projeto que remonta à época soviética.
No que se refere à exploração de recursos naturais na Ucrânia, Putin minimizou a importância de um possível acordo entre Washington e Kiev, sugerindo que seria necessário avaliar a real capacidade da Ucrânia para explorar esses recursos de forma eficaz.
“Seria necessário avaliar esses recursos, verificar quantos são reais e qual é seu valor”, disse o presidente russo, demonstrando ceticismo quanto à viabilidade de tais projetos.
Putin também abordou a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o conflito ucraniano. De acordo com o líder russo, Trump não toma decisões baseadas em emoções, mas sim em um “cálculo frio e racional”.
“Ele não apenas diz o que pensa, mas o que quer. E isso é um privilégio dos grandes líderes”, afirmou Putin, elogiando a abordagem direta de Trump.
O presidente russo sugeriu que a postura pragmática de Trump poderia facilitar uma resolução para o conflito, em contraste com a abordagem de Zelensky, que, segundo Putin, seria um obstáculo para a paz.
Putin afirmou que o governo de Zelensky tem sido um fator de desintegração para a Ucrânia e que a Rússia e os Estados Unidos compartilham o interesse de encerrar rapidamente o conflito. “Não se trata apenas de um benefício para a Rússia, mas para a Ucrânia como um todo”, declarou.
O presidente russo também criticou Zelensky por se recusar a negociar um acordo de paz, sugerindo que o presidente ucraniano tem receio de que tal acordo o obrigue a suspender a lei marcial e realizar eleições.
“Ele está se tornando tóxico para a sociedade ucraniana, como demonstrado pelo voto no Parlamento para prorrogar seus poderes”, afirmou.
Putin ainda destacou a crescente popularidade de Valery Zaluzhny, ex-comandante militar da Ucrânia, que, segundo o presidente russo, já detém uma popularidade duas vezes maior que a de Zelensky. Essa mudança de apoio político, segundo Putin, indica uma possível mudança no cenário político da Ucrânia.
Sobre o papel da Rússia no contexto global, Putin mencionou o apoio dos países do BRICS e revelou ter discutido a situação com o presidente chinês, Xi Jinping.
“Respeitamos as iniciativas de nossos parceiros”, declarou.
Em contraste, o presidente russo adotou um tom crítico em relação à União Europeia, afirmando que os líderes europeus se comprometeram de maneira excessiva com o regime de Kiev, tornando-se incapazes de recuar sem perder credibilidade. “Eles se comprometeram demais e agora é difícil ou quase impossível sair dessa situação sem perder a face”, analisou.
As declarações de Putin refletem a estratégia da Rússia de consolidar sua posição como um ator econômico significativo no setor de terras raras e de moldar o futuro da Ucrânia de acordo com seus interesses geopolíticos.
A disposição para estabelecer parcerias internacionais, aliada às críticas ao governo de Zelensky, demonstra o desejo de Moscou de influenciar o pós-conflito na região e de expandir sua presença econômica e política globalmente.