Nesta segunda-feira, 24 de fevereiro, autoridades e representantes da classe trabalhadora se reuniram em Rio Grande (RS) para a assinatura do contrato de ampliação da frota da Petrobras e Transpetro com o consórcio formado pelos estaleiros Ecovix, de Rio Grande (RS), e Mac Laren, de Niterói (RJ).
O evento marcou um passo significativo na recuperação da indústria naval brasileira, após anos de declínio impulsionado pela Operação Lava Jato e políticas governamentais anteriores.
A cerimônia simboliza a reintegração do Brasil ao setor naval, que sofreu grandes perdas desde a crise iniciada pela Lava Jato.
O escândalo resultou no que muitos chamaram de “cemitério dos estaleiros”, uma vez que embarcações passaram a ser importadas de países como Cingapura, Coreia do Sul, China e Emirados Árabes Unidos, após a paralisação da produção nacional.
Além disso, o governo de Michel Temer foi responsável pela paralisação do Polo Naval de Rio Grande e pela suspensão da construção de plataformas para a exploração de petróleo.
Durante o evento, diversos discursos destacaram as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores do setor e a retomada da indústria.
Um dos trabalhadores presentes relatou o impacto das demissões em massa no setor naval, mencionando o ano de 2016 como um dos mais difíceis, quando aproximadamente 5 mil trabalhadores perderam seus empregos devido à desaceleração das atividades.
“A tristeza arrasou em 2016, quando 5 mil trabalhadores foram demitidos e paralisamos as atividades de construção das plataformas”, disse ele.
A Ecovix, que foi criada em 2010 como braço de construção naval do grupo de engenharia Engevix, também foi impactada pela Lava Jato. Na época, a empresa tinha contratos para a fabricação de cascos de plataformas da Petrobras. O impacto dessa crise foi discutido pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que destacou a devastação do setor.
“Chegamos em 2014 com quase 100 mil trabalhadores em obras relacionadas ao setor naval. Depois do golpe contra a presidenta Dilma, isso foi caindo, chegando em 2019, a 37 mil trabalhadores. Estamos recuperando isso. O presidente Lula reconstrói a indústria naval e o Brasil”, afirmou Marinho.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também se pronunciou sobre o papel do governo Lula na recuperação da indústria naval e do setor energético brasileiro.
Silveira ressaltou que, durante o período anterior, “tentaram entregar tudo, perdemos empregos e tentaram destruir a história da Petrobras, que é uma força imprescindível da indústria nacional.” Segundo ele, o governo Lula tem sido essencial para restaurar a dignidade à indústria nacional.
A Petrobras, uma das principais protagonistas desse processo de recuperação, anunciou planos de expandir suas operações na Bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul. A presidente da estatal, Magda Chambriard, destacou o potencial da bacia, afirmando que sua exploração trará “contribuições inestimáveis” ao estado.
Chambriard também mencionou os investimentos em duas refinarias, incluindo a primeira biorrefinaria do país, e a produção de 44 novas embarcações até 2029.
Ela explicou que a Bacia de Pelotas é comparável à Bacia da Namíbia, frequentemente chamada de “Nova Guiana”, e que a exploração local pode ser de grande importância estratégica para o país.
Chambriard também anunciou que, com o apoio do governo Lula, a Petrobras garantirá um conteúdo nacional de 65% na construção das novas embarcações. Esse incentivo visa fortalecer a indústria naval local e gerar empregos para a classe trabalhadora brasileira.
Ao longo do evento, a plateia expressou seu apoio ao governo atual, com gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro” e “Sem Anistia”. As manifestações refletiram a recepção positiva das iniciativas do governo para revitalizar setores cruciais da economia nacional.
Com a assinatura do contrato e os investimentos anunciados, o Brasil se posiciona novamente como um player relevante na indústria naval, após um período de retração causado por crises políticas e econômicas. A expectativa é que a recuperação do setor naval contribua para o fortalecimento da economia nacional, gerando empregos e desenvolvendo a infraestrutura necessária para o crescimento sustentável.
