O liberal Christian Lindner, o verde Robert Habeck e o social-democrata Olaf Scholz. Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

O Partido Social-Democrata (SPD), liderado pelo chanceler Olaf Scholz, não foi o único a sair derrotado nas eleições federais antecipadas da Alemanha no último domingo (23). O pleito foi dominado por conservadores e pela ultradireita, enquanto todos os partidos que integraram a coalizão de governo nos últimos três anos sofreram perdas significativas de votos em meio a um cenário de crise econômica, alta nos preços de energia e tensões geopolíticas.

O SPD, que comandava a coalizão, sofreu uma derrota histórica, caindo da primeira para a terceira posição entre as bancadas do Bundestag (Parlamento alemão). Os Verdes, embora tenham registrado uma perda mais leve, também sentiram o impacto, recebendo 11,6% dos votos, contra 14,7% na eleição de 2021. Esse resultado interrompeu a trajetória de crescimento do partido, que vinha ganhando força na última década.

Os Verdes, aliados de Scholz, enfrentaram dificuldades para promover sua agenda ambiental em uma campanha dominada por debates sobre economia e imigração. Além disso, nos últimos meses, o partido se tornou um dos principais alvos da ultradireita, que os acusou de impor uma “eco-ditadura” no país.

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O verde Robert Habeck: partido enfrentou dificuldades para promover sua agenda ambiental. Foto: Reprodução

Porém, o maior declínio dentro da coalizão governista foi o do Partido Liberal-Democrático (FDP), legenda pró-mercado que rompeu com o governo em novembro. O partido perdeu mais da metade do eleitorado em relação a 2021, terminando o pleito com 4,3% dos votos, abaixo da cláusula de barreira de 5%.

Sem conseguir eleger pelo menos três deputados por voto direto, o FDP não terá representação parlamentar na próxima legislatura, algo que só havia ocorrido uma vez em sua história, no pleito de 2013.

Durante a campanha, o FDP apostou em bandeiras tradicionais, como a redução de impostos e da dívida nacional, além de endurecer o discurso contra a imigração. No entanto, os resultados mostram que o eleitorado não abraçou a plataforma do partido. A situação contrasta com 2021, quando a legenda conquistou 11,4% dos votos e teve um papel crucial na coalizão governista.

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Partido Liberal-Democrático (FDP): a legenda perdeu mais da metade do eleitorado em relação a 2021. Foto: Reprodução

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os liberal-democratas atuaram como fiéis da balança na formação de governos, ajudando a definir alianças para garantir maiorias parlamentares. Em mais de 70 anos de democracia, passaram 50 deles como parceiros de coalizão em governos federais. O bom desempenho de 2021 foi creditado ao deputado Christian Lindner, atual líder da sigla.

No mesmo ano, Lindner uniu o FDP ao SPD de Scholz e aos Verdes, formando a primeira coalizão tripartite da história alemã pós-reunificação. No entanto, os desentendimentos entre Lindner e seus parceiros se tornaram frequentes, culminando na ruptura oficial em novembro.

Na época, Lindner acusou Scholz de tentar forçá-lo a suspender o “freio da dívida”, um mecanismo semelhante ao teto de gastos, inscrito na Constituição alemã, que limita a capacidade de endividamento do país. O rompimento marcou o fim da coalizão apelidada de “semáforo”, devido às cores dos partidos que a integravam.

Sem o apoio do FDP e seus 90 deputados, Scholz ficou sem maioria parlamentar e teve que convocar eleições antecipadas, que inicialmente estavam previstas para setembro. No entanto, a imprensa alemã revelou que a saída do FDP do governo pode ter sido uma estratégia calculada para romper com o impopular chanceler e recuperar prestígio junto ao eleitorado. Os resultados, porém, mostram que a tentativa falhou, já que o partido não conseguiu se desvincular da crise enfrentada pelo governo.

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Last Update: 24/02/2025