As eleições antecipadas para os novos membros do Parlamento (Bundestag) aconteceram neste domingo (23). Projeções iniciais a partir da contagem de votos que começou com o fechamento das urnas às 18 horas no horário local (14 horas de Brasília) mostram que a União Democrata Cristã (CDU), somado ao União Social Cristã (CSU), será a legenda mais votada com cerca de 28,6% dos votos.
Esta situação deve levar Friedrich Merz, líder do CDU, a ocupar o cargo de chanceler em substituição ao social-democrata Olaf Scholz.
Mas para que Merz assuma o posto deverá realizar alianças, uma vez que CDU/CSU não somaram a maioria das 630 cadeiras do Bundestag. Até que uma coalizão de forças defina quem será o chanceler – ainda que tudo indique que será Merz – Scholz ficará como interino.
Há uma cláusula de barreira em que os partidos precisam superar 5% dos votos para poder formar bancadas no Parlamento, ou eleger três deputados por voto direto. Dessa forma, é preciso aguardar para ver quantos partidos conseguiram ter membros para formar bancada, o que demonstrará a grau de dificuldade para se formar a unidade.
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A segunda colocação ficará com a extrema direita pelo Alternativa para a Alemanha (AfD), com projeções de 20,4% dos votos. O partido que reúne quadros fascistas quase dobrou sua votação de 2021, se aproveitando da impopularidade do atual chanceler e radicalizando o discurso contra imigrantes. Figuras como Elon Musk e o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance demonstraram apoio público ao partido que abriga neonazistas.
Ainda que seja a segunda força, o partido deverá ficar isolado. Os demais partidos tradicionais indicaram não querer negociar com a AfD. É preciso aguardar para ver se os conservadores manterão postura firme contra eles se necessitarem dos congressistas de extrema direita.
Já o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), do atual chanceler que tem ampla desaprovação, deve ficar com 16,3% dos votos. O valor é considerado ínfimo e o pior da legenda em mais de um século, como destaca as manchetes dos jornais alemães. Com este resultado a bancada ainda será a terceira maior.
A falta de uma resposta robusta de Scholz ao cenário econômico adverso com dificuldades impostas pela agenda internacional e o avanço da extrema direita com um discurso populista anti-imigração, fizeram com que o chanceler somasse uma grande desaprovação e levasse o seu partido para a derrota, sendo considerado o chanceler mais breve desde a reunificação, em 1990 – menos de quatro anos no poder.
Por sua vez, os Verdes, seguem com 12,3% dos votos e A Esquerda (Die Linke), com 8,5%. Apesar de terem menor representação ainda podem ser o fiel da balança na definição do chanceler. O resultado do Die Linke surpreende, sendo que na eleição de 2021 tiveram 4,9% dos votos e só não pararam na barreira pela eleição direta mínima de três cadeiras no Bundestag.
O Partido Liberal Democrático, que desencadeou as eleições antecipadas ao sair do governo Scholz, ainda aguarda os resultados para saber se superou a barreira dos 5%, assim como os esquerdistas da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW). Eles podem contornar a cláusula, assim como fez o Die Linke na eleição anterior, com a eleição de três deputados por voto direto caso fiquem abaixo do mínimo estabelecido.
O resultado oficial deve ser anunciado nas primeiras horas da segunda (24). Os números do texto foram atualizados às 17 horas do domingo.
*Com informações de agências internacionais