Neste sábado, 22 de fevereiro de 2025, Nael Barghouti, o mais antigo prisioneiro político palestino nas prisões da ocupação israelense, será libertado. Após um total de 45 anos de encarceramento, Barghouti será solto como parte da primeira fase do acordo de troca de prisioneiros entre a resistência palestina e o regime sionista. No entanto, sua libertação vem com uma condição humilhante: ele será deportado para fora da Palestina ocupada, em mais uma tentativa da ocupação de apagar sua presença física e simbólica da luta de resistência.

A libertação ocorre na conjuntura do anúncio da sétima lista de prisioneiros palestinos que serão soltos hoje. Essa lista inclui 50 sentenciados à prisão perpétua, 60 com longas penas, 41 prisioneiros do acordo “Wafa al-Ahrar” que foram presos novamente após sua soltura inicial e 445 prisioneiros da Faixa de Gaza detidos após os atos heroicos de 7 de outubro de 2023.

Nael Barghouti, conhecido como Abu al-Nour, nasceu em 23 de outubro de 1957 na vila de Kobar, perto de Ramalá, na Cisjordânia ocupada. Ele foi preso pela primeira vez em 1978, aos 19 anos, sob acusações de resistir à ocupação israelense. Condenado à prisão perpétua, Barghouti passou os impressionantes 34 anos consecutivos nas prisões israelenses antes de ser libertado em 2011 como parte do acordo “Wafa al-Ahrar”, também conhecido como a troca do soldado Gilad Shalit. No entanto, sua liberdade foi curta. Em junho de 2014, ele foi encarcerado novamente sob acusações vagas baseadas em um “arquivo secreto”, uma prática comum do regime sionista para justificar prisões arbitrárias de quem eles desejarem. A escolha de Barghouti, por sua vez, se deu pela sua relação com os movimentos de resistência e seu ímpeto, mesmo preso por 34 anos, de libertar seu povo do inimigo sionista. Embora inicialmente condenado a uma pena adicional de 30 meses, as autoridades israelenses restauraram sua sentença original de prisão perpétua mais 18 anos após o término desse período.

Nael Barghouti é mais um testemunho vivo do caráter nazista do regime sionista, que por diversas vezes faria Adolf Hitler ter inveja de sua crueldade e criatividade – como condenar a prisão perpétua mais dezoito anos após sua morte. Durante seus anos na prisão, ele sofreu torturas físicas e psicológicas severas e foi privado dos direitos mais básicos, de comida à luz do sol. Em momentos cruciais da vida familiar, como a morte de seus pais e seu irmão Omar Barghouti (Abu Asif), ele foi impedido de se despedir ou participar dos funerais.

Além disso, sua família enfrentou repetidas represálias por parte das forças israelenses. Em 2018, seu sobrinho Saleh Barghouti foi assassinado pelas forças da ocupação, enquanto seu irmão Asem e outros parentes foram presos. Dois lares da família foram demolidos como parte das políticas punitivas coletivas aplicadas contra os palestinos.

Mesmo fora das prisões, a perseguição continuou. Sua esposa, Aman Nafeh, e sua irmã, Hanan, foram presas em diferentes ocasiões nos últimos anos e posteriormente liberadas. 

Nael Barghouti tornou-se um ícone da resistência palestina contra a ocupação israelense por sua longa trajetória como prisioneiro político, pois, de certa forma, representava a resistência de todo o povo palestino diante das tentativas incessantes da escumalha ssionista de esmagar sua luta por liberdade e seu direito de existir.

Barghouti é conhecido localmente por dezenas de mensagens inspiradoras enviadas durante seu encarceramento. São frases de Barghouti em seu tempo de prisioneiro:

 

  • “As tentativas da ocupação de matar nossa humanidade só nos tornam mais humanos”
  • “Se existisse um mundo livre como eles dizem, eu não estaria em cativeiro até hoje”. 

 

Após sua libertação em 2011, ele tentou reconstruir sua vida na vila natal em Kobar. Casou-se com Aman Nafeh, também ex-prisioneira política, e dedicou-se à agricultura e aos estudos históricos na Universidade Al-Quds. No entanto, as forças israelenses voltaram a prendê-lo antes mesmo que pudesse colher os frutos do que havia plantado – no sentido literal e figurado.

Embora Nael Barghouti seja libertado hoje após quatro décadas de prisão injusta, sua liberdade vem com a condição humilhante de ser deportado para fora da Palestina ocupada. Essa prática é uma extensão da política imperialista que visa fragmentar o povo palestino e retirá-lo de sua terra, que tanto interessa aos nazistas de “Israel” e de Washington, querendo também enfraquecer sua luta pela terra e pela autodeterminação.

A deportação não apenas impede que Barghouti retorne à sua vila natal ou viva com sua esposa e família; ela também busca apagar seu papel simbólico na resistência palestina – algo que não acontecerá. Como demonstrado ao longo dos anos, Nael Barghouti continua sendo uma figura central na luta pela liberdade palestina – dentro ou fora das prisões sionistas, e talvez mais central até mesmo do que o próprio Barghouti saiba.

Enquanto celebramos a libertação dos heróis palestinos hoje – incluindo Nael Barghouti –, não podemos esquecer os milhares que permanecem nas prisões israelenses sob condições desumanas, tratados piores que cães e de forma a fazer com que alguns campos de concentrações nazistas parecessem hotéis de luxo. Entre eles está o Dr. Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, cujo nome não apareceu na lista dos libertados hoje. Ele permanece detido junto com outros médicos e pacientes sequestrados pelos militares israelenses em hospitais na Faixa de Gaza.

As instituições palestinas – incluindo a Comissão dos Assuntos dos Prisioneiros e o Clube dos Prisioneiros Palestinos – já estão organizando recepções para os heróis libertados hoje. No entanto, essas celebrações são acompanhadas pelo compromisso contínuo com a luta pela libertação completa da Palestina, de armas nas mãos, até o fim de “Israel” enquanto um enclave imperialista no oriente médio.

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Last Update: 23/02/2025