Aldo Santos, professor aposentado e ex-vereador, foi condenado pela Justiça a penhora de bens, incluindo o seu carro e sua casa. A sentença foi proferida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e decorre de uma ocupação, a Santo Dias, realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto em 2003, em um terreno de propriedade da Volkswagen do Brasil em São Bernardo do Campo (SP). Na época, as cerca de 7.000 pessoas que estavam morando neste terreno abandonado foram reprimidas e despejadas a força por 980 policiais militares, tendo que buscar moradias em outros locais de risco. Neste momento, Aldo, no exercício do seu quarto mandato como vereador pelo PT, foi solidário com aqueles que estavam lutando por moradia e cedeu o carro oficial do próprio gabinete para transportar crianças, idosos e outros que estavam em situação vulnerabilidade, tirando-os do local.

Por causa dessa ação, foram movidos três processos contra o ex-vereador, sendo que este que foi promovido pelo Ministério Público chegou até o Supremo Tribunal Federal, em 2018, o condenando por improbidade administrativa e acarretando na perda de seus direitos políticos por cinco anos, além do pagamento de uma multa civil que hoje já superou o valor de um milhão de reais. Por causa da multa, já foram confiscados 20 mil reais que eram mantidos como uma reserva de emergência e, em 2024, a Justiça chegou a bloquear a conta bancária de Aldo para tentar assegurar o pagamento dessa dívida, fazendo com que ficasse sem o direito aos seus vencimentos que recebe como professor aposentado do estado de São Paulo.

Além das condenações no âmbito civil, a perseguição política chegou até Justiça Eleitoral. No mesmo ano da condenação, a sua candidatura a deputado federal pelo PSOL foi considerada inapta e os 3.274 votos que recebeu foram anulados.  Junto com Aldo, a advogada Camila Alves, que na época era uma das coordenadoras da ocupação, também foi condenada e hoje passa da casa dos 60 mil reais.

O processo que dura mais de 20 anos se tornou uma perseguição política perpétua contra Aldo Santos e mostra o caráter ditatorial da Justiça brasileira, além da farsa das leis criadas com o pretexto de combater a corrupção. No caso, por ter cedido um veículo oficial do Câmara dos Vereadores, que tinha direito em razão do seu mandato, às pessoas que estavam em situação de risco por causa de uma invasão, o ex-vereador foi condenando como se tivesse dilapidado milhões do caixa do Estado. Considerando que possui salário de professor aposentado, a multa se torna impagável.

Há de ser ressaltado, também, que a extensão da sua condenação no âmbito eleitoral não afetou apenas a ele, mas também mais de 3.000 eleitores que tiveram seus votos invalidados. Dessa forma, através da Lei da Ficha Limpa, a Justiça escolhe quem pode e quem não pode ser candidato, pois os que são de fato vendidos ao imperialismo, sendo esta a maior corrupção, têm livre acesso para serem votados. Já quem se opõe a uma invasão por parte da polícia está impedido de ser votado.

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Last Update: 23/02/2025