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Na última quarta-feira (19), um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe, o general da reserva Augusto Heleno foi visto almoçando com amigos em um restaurante de Brasília. Do UOL.
O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está entre os denunciados e, até o momento, não se manifestou sobre o caso. Desde que deixou o governo em dezembro de 2022, Heleno adotou uma postura discreta, evitando comentários sobre sua participação na gestão Bolsonaro.
Até mesmo nos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), ele preferiu permanecer em silêncio. Segundo fontes próximas, ele tem dito apenas que “aguarda o desenrolar do processo” e que se defenderá no momento oportuno.
Heleno tem cumprido todas as determinações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e afirma não ter mais contato com Bolsonaro nem com os demais militares envolvidos na investigação sobre a tentativa de golpe.
No período em que integrou o governo, ele demonstrava insatisfação com a candidatura de Lula e questionava a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando perseguição ao então presidente Bolsonaro.
Apesar disso, pessoas próximas garantem que Heleno não participou de planos golpistas ou de articulações extremas, como o suposto complô do general Mario Fernandes para assassinar Lula e Alexandre de Moraes. A PGR apresentou a denúncia com base na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Segundo Cid, Heleno se preocupava mais com o estado emocional de Bolsonaro do que com planos para reverter o resultado das eleições. Em seu depoimento, ele afirmou que nunca presenciou o general atuando ativamente em qualquer estratégia golpista.
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Porém, em sua residência, a PF encontrou uma agenda com anotações sobre estratégias para descredibilizar as urnas eletrônicas e impedir a Polícia Federal de cumprir determinações do Judiciário contra aliados do ex-presidente. O documento menciona a possibilidade de enquadrar autoridades policiais por abuso de autoridade e, em casos extremos, determinar prisão em flagrante.
Mesmo após a denúncia, Heleno manteve sua rotina habitual. Ele segue morando em Brasília, onde costuma frequentar supermercados e padarias próximas de sua residência. A ida a restaurantes, como a que ocorreu nesta semana, é algo esporádico.
Aos 77 anos, continua frequentando academia diariamente, apesar de sentir dores no ombro e na coluna. Amigos relatam que ele tem se mostrado “inconformado” com a situação, mas negam que ele esteja deprimido, como ocorreu no fim do governo Bolsonaro.
Ele também tem evitado eventos militares, mas participa de encontros familiares e passa tempo com os netos. Militares ouvidos pela reportagem são cautelosos ao comentar sobre Heleno. Diferente de Walter Braga Netto, que está preso desde dezembro e criticou duramente a cúpula militar, Heleno adota uma postura de distanciamento.
Até o momento, não há indícios de que ele possa perder sua patente no Exército, mesmo que seja condenado. A cúpula das Forças Armadas, porém, não descarta que militares envolvidos na tentativa de golpe possam vir a ser despatentados caso sejam considerados culpados.
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