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A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, tornada públicada nesta quinta-feira (20) pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, revelou novos detalhes que podem enterrar as esperanças de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja inocentado nos inquéritos da fraude no cartão de vacinação e do desvio das joias recebidas como presente da Arábia Saudita.
Nos dois casos, Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal, e as declarações de Cid colocam o ex-presidente no centro das acusações, dificultando sua defesa.
Até agora, bolsonaristas argumentavam que não havia provas concretas da participação do ex-presidente nos episódios. No caso do cartão de vacinação, por exemplo, afirmavam que não havia evidências de que ele ordenou ou sequer sabia da falsificação dos cartões dele e de sua filha, Laura, para que constassem como vacinados contra a Covid-19. No entanto, em seu depoimento, o tenente-coronel afirmou que foi o ex-mandatário quem pediu a fraude.
“O ex-ajudante de ordens disse que Bolsonaro fez o pedido depois de saber que ele, Cid, ‘possuía os cartões de vacina para si e sua família’”, revelou a delação. Segundo o militar, o ex-presidente teria solicitado a falsificação “para uma necessidade qualquer”, colocando-se diretamente envolvido no esquema.
No caso das joias, a delação de Cid também complica a defesa de Bolsonaro. O tenente-coronel afirmou que foi o ex-presidente quem ordenou a venda de dois relógios de luxo, após mandar o ex-ajudante de ordens fazer um levantamento dos presentes que havia recebido e identificar quais seriam mais fáceis de vender.
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Cid detalhou que Bolsonaro estava enfrentando dificuldades financeiras no início de 2022, incluindo pagamentos de condenações judiciais em litígio com a deputada federal Maria do Rosário (PT), gastos com mudanças e transporte de acervo, além de multas de trânsito por não usar capacete durante motociatas.
“Bolsonaro não só teria pedido que Cid vendesse os relógios, como autorizado as tratativas e acompanhado tudo”, afirmou o delator. Os relógios, das marcas Rolex e Patek Philippe, foram vendidos para lojas nos Estados Unidos, levantando US$ 86 mil. O dinheiro, segundo a delação, foi entregue em espécie ao ex-presidente pelo pai do militar, o general Mauro Cesar Lourena Cid, em uma das ocasiões durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro de 2022.
As declarações de Cid se encaixam em outras evidências já coletadas pela PF, como mensagens, e-mails e documentos, que corroboram a narrativa do delator.
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