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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tornou públicos nesta quinta-feira (20) os vídeos da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Os depoimentos, colhidos pela Polícia Federal no ano passado, revelam detalhes sobre os financiadores da suposta trama golpista que teria sido arquitetada para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.
O sigilo da transcrição dos depoimentos já havia sido derrubado na quarta-feira (19), mas as mídias só foram disponibilizadas para acesso público nesta quinta.
Em um dos trechos dos vídeos, Alexandre de Moraes questiona Cid sobre os financiadores da trama. O ministro lê uma conversa de WhatsApp obtida no celular do militar: “Nós estamos falando do dia 26 de dezembro [de 2022]. Alguém que passou, como o senhor mesmo disse, o mês todo com o presidente, manda uma mensagem dizendo: ‘o pessoal que colaborou com a carne, está me cobrando se será mesmo feito o churrasco’”.
URGENTE: Moraes divulga vídeo da delação de Mauro Cid. Neste registro, o ministro do STF lê mensagem enviada pelo suplente da senadora Tereza Cristina, Aparecido Portela: “O pessoal que colaborou com a carne está cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco”. Em resposta, Cid diz… pic.twitter.com/qPC5haaiZO
— GloboNews (@GloboNews) February 20, 2025
A analogia, confirmada por Cid, se referia a dinheiro para manter bolsonaristas acampados em frente a quartéis, mas o ex-ajudante não confirmou que o “churrasco” seria o atentado do dia 8 de janeiro de 2023.
“A pressão estava começando porque ele [o autor da mensagem] conhecia o pessoal de fora e o pessoal do agro. E o pessoal do agro não via nada acontecer. Eles estavam naquela angústia: ‘É hoje? Hoje vai acontecer’. Então eles estavam nessa angústia de esperar que fosse dado o golpe, que o presidente assinasse um decreto e as Forças Armadas fizessem alguma coisa”, afirmou Cid no depoimento.
Cid também relatou que empresários do agronegócio, que não foram nomeados no depoimento, foram até a frente do Palácio do Alvorada e se encontraram com Bolsonaro.
O ex-ajudante não detalhou os valores envolvidos nem os nomes dos financiadores, mas confirmou que havia uma expectativa entre os apoiadores de que o ex-presidente assinasse um decreto para intervir no processo democrático.
Em delação, Mauro Cid diz que ‘várias pessoas’ perguntavam: “Não vai acontecer nada? Vocês não vão virar a mesa?”. Segundo o ex-ajudante de Bolsonaro, “o presidente ainda mantinha a chama acesa” , mas ele não. “Ele tinha a esperança de que, até o último momento, fosse aparecer… pic.twitter.com/ExzbdNVJrA
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Mauro Cid também falou sobre a participação do general Braga Netto na trama golpista. Na ocasião, o delator confirmou a possibilidade candidato a vice na chapa de Bolsonaro ter passado um recado direto aos manifestantes que o golpe estava em curso. No fim de 2022, ele gravou um vídeo com seguidores pedindo para não desanimarem da luta.
“Ele (Braga Netto) achava que poderia ter uma operação, que o Exército poderia aderir, tinha o povo na rua e sempre a ideia de manter o povo mobilizado: manter a massa na mão ali até o último momento”, disse Cid.
“Ele (Braga Netto) achava que poderia ter uma operação, que o Exército poderia aderir, tinha o povo na rua e sempre a ideia de manter o povo mobilizado: manter a massa na mão ali até o último momento”, afirmou Mauro Cid sobre um vídeo gravado pelo general Braga Netto, no qual ele… pic.twitter.com/MHJTJ5wqsb
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