O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu então ajudante de Ordens Mauro Cid. Foto: reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em seu depoimento de delação premiada que seu “mundo” era o mundo do ex-presidente e que sempre atuou a serviço do político do PL.

As declarações foram feitas durante interrogatório à Polícia Federal e divulgadas nesta quarta-feira (19) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu tornar públicos os depoimentos até então sob sigilo. A delação foi homologada pelo STF e garante a Cid benefícios como redução de penas e proteção a familiares.

No depoimento, Cid negou ter participado de qualquer “planejamento detalhado” de tentativa de golpe, mas reforçou sua lealdade a Bolsonaro.

“Eu não participei de nenhum planejamento detalhado, de nenhuma ação, meu mundo era o mundo do presidente, eu não estou mentindo, não estou omitindo […] o meu mundo era o presidente, o meu mundo de ação era o presidente, eu estou falando a verdade aqui”, afirmou o militar.

As revelações de Cid ocorrem em um momento crucial das investigações sobre supostas tentativas de golpe durante o governo Bolsonaro.

Na terça-feira (18), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou formalmente o ex-presidente por cinco crimes: liderar organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça ao patrimônio da União, e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas máximas para esses crimes podem chegar a quase 40 anos de prisão, caso Bolsonaro seja condenado.

Cid, embora tenha atuado como delator, também foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por sua participação nos supostos planos golpistas. A delação premiada, no entanto, pode garantir ao militar benefícios jurídicos, como a redução de sua pena.

O tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Um dos pontos mais reveladores da delação de Cid é o detalhamento de um pedido feito por Bolsonaro para que Moraes fosse monitorado. À época, o ministro era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e alvo de ataques por parte do ex-presidente e dos seguidores bolsonaristas.

Segundo Cid, Bolsonaro recebeu informações de que o general Hamilton Mourão, então vice-presidente da República, estaria se reunindo reservadamente com Moraes em São Paulo. O ex-presidente teria solicitado o monitoramento do ministro para verificar se essas informações eram “verdadeiras ou não”.

“O objetivo era verificar se o general Mourão estaria em São Paulo (SP), nas mesmas datas em que o ministro Alexandre de Moraes também estivesse na cidade”, afirmou Cid.

O pedido de monitoramento a Moraes reforça as tensões entre o ex-presidente e o Poder Judiciário, que já eram evidentes durante o governo Bolsonaro. A relação entre os dois poderes foi marcada por conflitos, especialmente em torno das eleições de 2022 e das investigações sobre fake news e ataques à democracia.

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Last Update: 19/02/2025