O modelo de negociações sobre o fim da guerra na Ucrânia estabelecido por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, na última semana é ‘muito ruim’, avaliou o presidente Lula (PT) nesta quarta-feira 19. Para o brasileiro, o político republicano erra ao tratar do tema apenas com o lado russo, excluindo Ucrânia e União Europeia das negociações.

“A preocupação de algumas pessoas é de que o Trump tem que chamar o Zelensky para a negociação. Até agora só está o Putin. Eu também acho errado: tem que chamar os dois, colocar numa mesa e encontrar um denominador comum”, disse Lula durante uma coletiva de imprensa em Brasília.

“Cansamos de dizer: não tem paz se não chamar os dois e colocar na mesa. Não tem paz só de um lado”, insistiu o brasileiro.

A classificação de ‘muito ruim’ ao modelo de condução trumpista veio pouco mais adiante, quando Lula tratou da exclusão da União Europeia da mesa de negociações sobre a paz na Ucrânia.

“O problema da Ucrânia será resolvido em uma mesa de negociação. O papel do Trump de negociar sem querer ouvir a União Europeia é ruim, muito ruim. Porque a União Europeia se envolveu nessa guerra com muita força e não pode ficar de fora dessa negociação”, explicou.

Ainda segundo o presidente brasileiro, se Trump mudar o rumo e convocar esses outros dois atores para a próxima rodada de conversas sobre o conflito, a perspectiva é positiva. “Se o Trump estiver jogando de verdade, se ele quiser a paz, ele pode conseguir”, avaliou.

Até aqui, Trump não deu sinais contundentes de que pretende abrir mais espaço para os ucranianos. Nas últimas horas, o republicano disse que Zelensky poderia ter evitado a guerra há três anos, mas preferiu alongar o conflito. O presidente da Ucrânia, por sua vez, acusou o norte-americano de estar sendo enganado por mentiras russas.

Mais tarde nesta quarta-feira, em uma nova escalada das tensões, Trump chamou Zelenksy de ditador.

“Zelensky, um ditador sem eleições, deve agir rápido ou não lhe restará um país”, escreveu o presidente dos EUA em sua rede, a Truth Social.

A publicação faz alusão ao fim do mandato presidencial na Ucrânia, de cinco anos, que terminou em 2024. O processo eleitoral foi suspenso pela guerra.

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Last Update: 19/02/2025