A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro e outros 33 aliados repercutiu nesta quarta (19) na imprensa internacional, que destacou a gravidade das acusações de tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
Veículos como The New York Times, The Guardian e El País analisaram os impactos políticos da denúncia, esmiuçaram os delitos cometidos por Bolsonaro e compararam a situação do ex-presidente brasileiro com a de Donald Trump nos EUA. Governos estrangeiros acompanham os desdobramentos do caso, enquanto a extrema direita global se divide entre o silêncio e o apoio a Bolsonaro.,
A repercussão internacional da denúncia contra Bolsonaro reforça a gravidade das acusações e coloca o Brasil no centro do debate sobre democracia e extremismo político. A cobertura da imprensa estrangeira destaca tanto o impacto imediato do caso quanto seus desdobramentos a longo prazo, especialmente no contexto da ascensão da extrema direita global.
O processo contra o ex-presidente pode não apenas redefinir o cenário político brasileiro, mas também servir de referência para investigações contra líderes populistas em outras partes do mundo.
O que dizem os principais jornais internacionais
🔹 The New York Times (EUA):
- Classificou Bolsonaro como líder de um “vasto esquema” para minar a confiança na democracia brasileira e descreveu as acusações como uma resposta tardia ao ataque de 8 de janeiro.
- Enfatizou que a denúncia segue as recomendações da Polícia Federal e que o Supremo Tribunal Federal ainda precisa avaliar se aceitará o caso.
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🔹 The Washington Post (EUA):
- Destacou que a PGR afirma que Bolsonaro participou diretamente de um plano para continuar no poder após perder as eleições de 2022.
- Ressaltou o uso de desinformação, a pressão sobre militares e a incitação ao motim de 8 de janeiro como táticas para viabilizar o golpe.
🔹 The Guardian (Reino Unido):
- Afirmou que Bolsonaro foi peça-chave em uma “conspiração da extrema direita” para tomar o poder por meio de um golpe militar.
- Citou especialistas que estimam que Bolsonaro pode pegar até 28 anos de prisão caso seja condenado.
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🔹 El País (Espanha):
- Lembrou que Bolsonaro ainda é o principal líder da direita brasileira, mesmo inelegível.
- Apontou que o ex-presidente continua sem reconhecer a vitória de Lula, reforçando a retórica golpista mesmo após as investigações.
🔹 La Nación (Argentina):
- Ressaltou que a denúncia da PGR descreve uma escalada autoritária de Bolsonaro ao longo de seu governo, culminando na tentativa de golpe.
- Citou declarações da peça acusatória que indicam que Bolsonaro usou órgãos de inteligência e segurança do Estado para seus interesses políticos.
Reação de políticos estrangeiros
🔹 EUA: Até o momento, a Casa Branca não se pronunciou oficialmente sobre a denúncia, mas congressistas democratas já haviam alertado em 2023 que Bolsonaro poderia enfrentar processos por sua conduta antidemocrática.
🔹 União Europeia: O bloco tem reforçado o monitoramento da estabilidade institucional brasileira e pode pressionar o governo Lula para garantir punição aos responsáveis.
🔹 Argentina: O governo de Javier Milei, aliado ideológico de Bolsonaro, mantém silêncio sobre a denúncia, enquanto opositores de Milei destacam o caso como um alerta sobre a radicalização da direita na América Latina.
Comparação com o caso Trump
A denúncia contra Bolsonaro reforça as semelhanças entre sua estratégia e a de Donald Trump nos EUA. Assim como o ex-presidente brasileiro, Trump também foi acusado de tentar reverter os resultados eleitorais, fomentando desinformação e incentivando a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. No entanto, há diferenças no tratamento judicial dos dois casos.
Embora Trump responda inúmeros processos com robustas provas de seu envolvimento, o republicano voltou à presidência em 2025, diferente do Brasil, onde Bolsonaro já foi declarado inelegível e agora responde criminalmente.
Especialistas escutados pela imprensa internacional apontam que ambos os líderes usaram métodos semelhantes:
- Disseminação de desinformação sobre fraude eleitoral.
- Pressão sobre instituições para validar alegações infundadas.
- Mobilização de apoiadores para contestar os resultados e gerar instabilidade.
O Supremo Tribunal Federal e a Justiça Eleitoral do Brasil tiveram um papel mais assertivo no combate às ameaças democráticas, enquanto nos EUA, mesmo após a invasão do Capitólio, o Judiciário tem avançado de forma mais permissiva nos processos contra Trump.