Na última segunda-feira (17), a pesquisa Ipec apontou que, para 62% dos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria disputar a reeleição em 2026, em um momento em que a popularidade do chefe de Estado também está em baixa: apenas 25% dos entrevistados pelo Datafolha aprovam a atuação de Lula no Planalto. 

Para comentar este cenário, o programa TVGGN contou com a participação do doutor em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP/UERJ), Fábio Vasconcellos.

“Essa pergunta se o presidente deve ou não se recandidatar está muito correlacionada aos dados, muito correlacionada com a reprovação de governo. Um teste contrafactual fácil de fazer é que se o governo estivesse bem, com uma aprovação alta, provavelmente a aposta de que o presidente deveria ser candidato seria alta, porque o percentual de eleitores que dizem que a razão do Lula não ser candidato não é de considerar que ele não tem que ir para um para um quarto mandato pela idade é de 17%. É a terceira ou quarta resposta. A principal [resposta] delas é que ele não faz um bom governo. Para quase 40% ele não faz bom governo”, observa Vasconcellos. 

No entanto, o doutor chama a atenção para as ponderações que devem ser feitas neste tipo de interpretação da pesquisa, uma vez que a pesquisa está muito contaminada pela baixa aprovação da gestão Lula 3 e a interpretação está super inflacionada a análise relacionada ao desempenho do presidente.

“Não é possível falar em tendência. Você tem um ponto de inflexão negativa agora. No entanto associar isso a uma tendência de que o eleitorado, de repente, mudou a sua percepção geral do governo e que isso se dará, se repetirá ao longo do tempo me parece um exagero. Estamos a um mês da crise do Pix, o eleitorado não consome informação com a mesma dinâmica, o próprio vídeo da oposição ainda circula em vários lugares. Então há que se contexto e ponderar esses resultados”, continua o entrevistado. 

Além do Pix, a questão inflacionária e inflação dos alimentos pioram a dificuldade de comunicação para o governo, na visão de Fábio Vasconcellos.

O doutor em Ciência Política também refuta a tese de que a crise enfrentada pelo governo federal, uma vez que são causas conjunturais que levam à baixa avaliação de desempenho. “Vejo como uma inflexão tão forte que não me permite falar em estrutural. Para falar em estrutural, teria de esperar mais três, quatro pesquisas.”

Vasconcellos lembra ainda que desde 2023, as pesquisas sobre o desempenho de Lula é bem avaliado e se mantém estáveis.

“Esses dados que saíram agora da reprovação do governo parecem que eles servem só oposição, porque a leitura é muito mais óbvia. A oposição enxergou mal a alternativa, uma possibilidade que o governo está enfraquecido na opinião pública. Ora, a mesma pesquisa também serve para o governo readequar, realinhar suas estratégias suas táticas, suas ações de políticas públicas”, acrescenta.

No entanto, a oposição também deve enfrentar, nos próximos dias, uma crise de imagem, uma vez que a denúncia sobre os crimes cometidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está pronta e deve ser apresentada nos próximos dias.

Ao longo da entrevista com o jornalista Luís Nassif, Fábio Vasconcellos falou ainda sobre a herança política de Jair Bolsonaro, reforma ministerial e governabilidade do Executivo. Confira a entrevista na íntegra:

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Last Update: 18/02/2025