A ideia de que as mulheres são naturalmente multitarefas é um mito sem base científica. Segundo a neurocientista Ana Carolina Souza, essa crença, embora amplamente difundida, não tem comprovação.

Além disso, o que existe, na verdade, é uma diferença no processamento atencional entre gêneros. Essa diferença está relacionada à velocidade de alternar o foco entre tarefas, e não à capacidade de realizá-las simultaneamente.

Por que o mito persiste?

A perpetuação desse mito está ligada a um viés de confirmação. “Ser conveniente para a cultura atual justifica a crença de que as mulheres são mais aptas a lidar com múltiplas tarefas”, afirma a especialista.

Por outro lado, esse estereótipo gera cobranças excessivas. Muitas mulheres se sentem pressionadas a equilibrar carreira, vida pessoal, cuidados com a aparência e, muitas vezes, a maternidade.

Carga mental e frustração

A cobrança por desempenho em múltiplas frentes leva muitas mulheres a se sentirem insuficientes. “Você pode performar bem profissionalmente, mas se cobrar por falhas na vida pessoal, ou vice-versa”, comenta Ana Carolina.

Mesmo para aquelas que terceirizam tarefas, a pressão persiste, acompanhada de culpa e frustração. A busca por um ideal inatingível pode resultar em respostas emocionais negativas e impactos graves na saúde mental.

“Estamos falando de perseguir uma meta impossível”, alerta a neurocientista.

Um caminho para a mudança

Para romper com esse ciclo, Ana Carolina sugere sete passos. Primeiro, identifique o que é mais importante na sua vida atualmente, aceitando que prioridades podem mudar.

Em seguida, concentre-se em atividades que estejam alinhadas com seus objetivos. Entenda que o equilíbrio é dinâmico, podendo variar entre família, trabalho e desenvolvimento pessoal.

Além disso, elimine da rotina tudo que consome energia sem agregar valor. Delegue tarefas e peça ajuda quando necessário, sem culpa.

Evite comparações e celebre suas próprias conquistas. Por fim, valorize sua trajetória e habilidades.

Abandonando o estereótipo

A cultura atual, impulsionada pelas redes sociais, cria a ilusão de um modelo ideal de mulher. No entanto, tentar corresponder a essa expectativa gera estresse e sobrecarga.

“Já passou da hora de abandonarmos o estereótipo da mulher multitarefa”, defende Ana Carolina. Ela propõe uma nova perspectiva: ser multifacetada, em vez de multitarefa.

“As mulheres podem ter inúmeras habilidades e ocupar todos os espaços, mas isso não deve custar sua saúde mental”, conclui.

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Last Update: 13/02/2025