As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, novamente, exerceram pressão sobre o câmbio. O dólar abriu o pregão de ontem, em declínio de 0,25%, mas logo mudou de direção e começou a subir. A moeda americana fechou o dia em R$ 5,5883, alta de 1,47%, após atingir o máximo de R$ 5,59. A última vez em que o dólar fechou acima desse patamar foi em 10 de janeiro de 2022. Um resultado fiscal pior do que o esperado somou-se à entrevista desastrosa à Rádio FM O Tempo, na qual Lula voltou a criticar Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), e disse que o executivo não está fazendo o que deve fazer. “Isso vai melhorar quando eu puder indicar o presidente do Banco Central, e vamos construir uma nova filosofia”. A fala do presidente logo foi interpretada pelo mercado como indício de que Lula vai interferir nas decisões do BC assim que seu indicado assumir, provavelmente Gabriel Galípolo (foto). Só neste mês, o dólar subiu 8,26% e, no ano, 14,97%. Parte desse movimento vem do mercado externo e das preocupações em torno dos juros americanos. A outra fonte de pressão vem do mercado interno, sobretudo pelas constantes entrevistas nas quais o presidente Lula retomou a crítica a Roberto Campos Neto, além de reforçar a política de gastos públicos.