O cessar-fogo na Faixa de Gaza segue incerto após uma escalada de ameaças e acusações entre a Resistência Palestina e “Israel”. O governo dos Estados Unidos, representado por Donald Trump, declarou que se os prisioneiros israelenses não forem libertados até o meio-dia de sábado (15), o cessar-fogo será cancelado e os ataques israelenses serão retomados. A Resistência Palestina, no entanto, acusa “Israel” de violar sistematicamente o acordo e ser o verdadeiro responsável pelo impasse.
Em uma declaração oficial, o Hamas afirmou que a responsabilidade pelas complicações atuais é “totalmente de ‘Israel’”, que não apenas impõe barreiras ao retorno dos deslocados palestinos ao norte da Faixa de Gaza, como continua seus ataques em várias regiões, impedindo a entrada de ajuda humanitária. “Trump deveria saber que para que o cessar-fogo em Gaza seja mantido, ambas as partes devem cumprir suas obrigações. Esta é a única forma de garantir a devolução dos prisioneiros israelenses”, declarou Sami Abu Zuhri, membro do gabinete político do Hamas.
Apesar da pressão internacional, “Israel” não apenas endureceu sua posição, como já convocou reservistas e iniciou preparativos para uma nova ofensiva militar contra Gaza. O exército sionista, segundo informações da imprensa israelense, realizou um exercício militar simulando uma incursão terrestre sob o pretexto de responder a uma suposta ofensiva do Hamas. “Israel” e seus aliados tentam apresentar a Resistência Palestina como a parte intransigente, mas não explicam como um cessar-fogo pode ser mantido se “Israel” continua bombardeando a população civil e sabotando qualquer tentativa de reconstrução.
Na segunda-feira (10), o Hamas suspendeu a libertação dos prisioneiros israelenses, alegando que “Israel” descumpriu sua parte no acordo ao impedir o retorno dos palestinos deslocados e atacar as regiões de trégua. Em resposta, “Israel” e o governo norte-americano reagiram com novas ameaças. “O inferno vai explodir”, declarou Trump, insinuando que se os prisioneiros não forem entregues, os bombardeios e ataques voltarão com força total.
Netaniahu endossou a declaração de Trump e afirmou que o “choque” com a condição dos prisioneiros libertados no sábado reforça a necessidade de esmagar a Resistência Palestina. “Se o Hamas não devolver nossos prisioneiros até o meio-dia de sábado, o cessar-fogo será encerrado, e as Forças de Defesa de ‘Israel’ retornarão à luta intensa até que o Hamas seja finalmente derrotado”, ameaçou o primeiro-ministro sionista.
A ofensiva diplomática de Trump e Netaniahu não esconde os verdadeiros interesses por trás das ameaças. Durante um encontro na Casa Branca, Trump sugeriu que os EUA “assumissem” a Faixa de Gaza, transformando-a em uma “Riviera do Oriente Médio”. A proposta incluiu a remoção da população palestina e a implantação de um novo regime sob controle direto dos Estados Unidos.
“Possuir aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico”, disse o presidente norte-americano, em um discurso que lembra os tempos de ocupações coloniais do século XIX. Netaniahu, por sua vez, reagiu positivamente à ideia, afirmando que “vale a pena prestar atenção”.
A Resistência Palestina rejeitou veementemente o ultimato e as ameaças de Trump, reafirmando que “Israel” é quem não cumpre os termos do cessar-fogo. Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Al-Qassam, alertou que os prisioneiros israelenses “continuarão onde estão até que a entidade ocupante cumpra suas obrigações passadas e compense retroativamente as violações cometidas”. A posição da Resistência é clara: não é possível seguir com a troca de prisioneiros se “Israel” continua matando civis, destruindo Gaza e impedindo o acesso a recursos básicos.
A realidade é que a farsa do cessar-fogo serve apenas como um instrumento de chantagem para “Israel”. Quando a Resistência Palestina revida as provocações, imediatamente surge um coro na imprensa internacional para responsabilizá-la pelo rompimento da trégua, ignorando a violência sionista. O que se desenha agora é um pretexto para “Israel” retomar sua campanha de extermínio contra a população palestina, com o apoio irrestrito dos Estados Unidos.
É preciso acompanhar o desenvolvimento da situação, especialmente considerando o caráter falastrão de Donald Trump. A Resistência, contudo, segue firme e acertadamente, reforça que não aceitará nenhuma rendição disfarçada de acordo. Abaixo, a declaração do partido revolucionário palestino:
“Nota à Imprensa
Sobre as declarações do presidente dos EUA em relação ao deslocamento do nosso povo e o acordo de cessar-fogo
- Reafirmamos nosso veemente rejeito às declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o deslocamento do nosso povo da Faixa de Gaza sob o pretexto de reconstrução.
- As declarações de Trump são racistas e um apelo à limpeza étnica, com o objetivo de liquidar a causa palestina e negar os direitos nacionais do nosso povo.
- O plano para deslocar nosso povo de Gaza não terá sucesso e será enfrentado com uma posição unificada palestina, árabe e islâmica que rejeita todos os planos de deslocamento.
- Nosso grande povo em Gaza se manteve firme diante dos bombardeios e da agressão, permanecerá resistente em sua terra e frustrará todos os planos de deslocamento e deportação forçada.
- O que a ocupação não conseguiu alcançar por meio da agressão e massacres, não terá sucesso em realizar por meio de planos de liquidação e deslocamento.
- O Movimento Hamas continua comprometido com o acordo de cessar-fogo, desde que a ocupação cumpra com ele. Este acordo foi patrocinado e garantido pelos mediadores (Egito, Catar e Estados Unidos) e foi testemunhado pela comunidade internacional.
- Confirmamos que a ocupação é a parte que não cumpriu com seus compromissos e é responsável por qualquer complicação ou atraso.
Movimento de Resistência Islâmica (Hamas)
11 de fevereiro
Site oficial – Movimento Hamas”