As mudanças climáticas têm intensificado eventos extremos no mundo. Segundo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos últimos 60 anos a média de dias seguidos sem chuva aumentou de 80 para 100 no Brasil. Por outro lado, pesquisas apontam que o aquecimento global também tem tornado as chuvas mais intensas.
Cientistas têm observado um aumento das chuvas no sul do Brasil desde 1950, inclusive acompanhado do acréscimo nas vazões de rios. A exemplo das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, esse cenário se torna especialmente crítico em regiões urbanas, onde o solo impermeabilizado e os sistemas de drenagem insuficientes amplificam esses impactos.
Em boa parte do Brasil, as fortes chuvas evidenciam as vulnerabilidades da infraestrutura de mobilidade, em especial as dificuldades com o escoamento das águas pluviais, afetando a circulação de pessoas e mercadorias. Por vezes testemunhamos vias urbanas alagadas e esburacadas e parte dos serviços de transporte público paralisados. Em áreas de risco, como encostas, deslizamentos de terra acabam por isolar comunidades.
Tudo isso dificulta o acesso do cidadão aos serviços e equipamentos de sua cidade. São trabalhadores que enfrentam dificuldades para chegar ao emprego e serviços públicos que encontram obstáculos para atender emergências. Além disso, os impactos econômicos são significativos, prejudicando o transporte de mercadorias e o comércio com a redução no fluxo de pessoas. Há ainda as despesas com reparos em infraestruturas, tornando-se um peso para governos e empresas.
Para minimizar os efeitos negativos, é essencial uma cooperação síncrona entre os municípios, os estados, a União e outros países. Em níveis municipal e estadual, as políticas de planejamento urbano que integrem as projeções climáticas são fundamentais para preparar as cidades para o futuro. Adicionalmente, é possível ampliar e realizar a manutenção de sistemas de drenagem, bem como adotar soluções de infraestrutura verde para a circulação das pessoas e bens e promover ações de reflorestamento, preservação de áreas naturais e contenção de ocupações em áreas de risco.
Quanto à União, é importante continuar e intensificar as ações em prol da sustentabilidade ambiental. A recém instituição do Programa de Aceleração da Transição Energética, por meio da Lei 15.103, de 22 de janeiro de 2025, é um exemplo de ação concreta que reafirma o compromisso do nosso País com o desenvolvimento sustentável.
Por fim, no âmbito internacional, é oportuno neste ano voltarmos a atenção para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP- 30), que acontecerá em novembro em Belém (PA). Sob liderança do Brasil, trata-se de um encontro global que reunirá governantes, cientistas e representantes da sociedade civil para discutir ações visando combater as mudanças do clima. Entre os principais temas, destacamos a adaptação às mudanças climáticas, a redução de emissões de gases de efeito estufa, o financiamento climático para países em desenvolvimento e as tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono.
É preciso estar vigilante e focado na busca de medidas efetivas para enfrentar as mudanças climáticas e garantir acesso às cidades.