Na solenidade em homenagem aos 45 anos do Partido dos Trabalhadores, na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (12), a presidenta Nacional do partido, Gleisi Hoffmann, destacou a contribuição do PT na transformação do Brasil, desde suas origens humildes nos núcleos de base até as conquistas governamentais que levaram milhões de brasileiros à dignidade e ao exercício da cidadania.
Gleisi destacou o papel histórico do partido na defesa da democracia, das lutas pela justiça social e contra desigualdades, e evocou o compromisso contínuo com a transformação social, política e econômica do país.
“Nascido na luta contra a ditadura, em defesa do direito de greve, da liberdade de organização e de manifestação, o PT tem a sua história indelevelmente associada à reconquista e ao aprofundamento da democracia em nosso país”, afirmou Gleisi, no discurso.
Em outro trecho, emendou: “Mas permanece igual e bem firme o compromisso de origem do PT com a transformação do país e da vida das pessoas. Contra a desigualdade e a pobreza, contra a exploração e a injustiça. Para transformar o presente e construir o futuro. Junto com o povo, sempre”.
Leia a íntegra do discurso abaixo:
O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras completa 45 anos de lutas, resistência e conquistas que mudaram a vida de milhões de pessoas em nosso país. Nossa trajetória está gravada na memória e no coração do povo brasileiro.
E não poderia ser de outra forma, porque o PT já nasceu diferente e transformador, organizado a partir dos núcleos de base, contrariando tradições políticas autoritárias e excludentes. Nasceu no chão das fábricas, nos campos e assentamentos, nas escolas e nas ruas onde a população clamava por mudanças.
Recebemos desde a origem a valiosa contribuição de militantes políticos, religiosos, intelectuais, artistas e personalidades das mais diversas origens, o que fez do partido um mosaico riquíssimo da alma brasileira.
Nascido na luta contra a ditadura, em defesa do direito de greve, da liberdade de organização e de manifestação, o PT tem a sua história indelevelmente associada à reconquista e ao aprofundamento da democracia em nosso país.
Combinando a organização e as lutas na base da sociedade com a atuação institucional, no legislativo e no executivo, o PT transformou as práticas políticas tradicionais e agregou um sentido concreto à construção democrática no Brasil.
Desde as primeiras prefeituras, invertemos o sentido das decisões que vinham de cima para baixo, por meio dos orçamentos participativos e diversas outras formas de intervenção social e popular.
Este plenário da Câmara dos Deputados é testemunha histórica de um modo inovador de fazer política.
Aqui e nas ruas, denunciamos e combatemos os decretos de arrocho salarial da ditadura. Aqui e nas ruas defendemos a emenda das diretas para presidente. Aqui e nas ruas defendemos, durante a Constituinte, a pauta da classe trabalhadora da cidade e do campo, dos movimentos sociais, da ampliação dos direitos coletivos e da cidadania.
Lutamos, sempre junto com o povo, pela criação de empregos e por salários cada vez mais dignos; pela reforma agrária e pelo direito à habitação; pelo acesso universal à saúde e à educação, a seguridade social e a segurança pública; pelas artes e a cultura, contra todas as formas de discriminação e preconceito.
Lutamos contra a injustiça e a desigualdade que marcam a formação de nossa sociedade e ainda hoje são os maiores obstáculos à concretização da democracia entre nós.
E foi a coerência nesta aliança com a imensa maioria da população que levou este mesmo plenário a testemunhar, em janeiro de 2003, a posse do primeiro presidente da República nascido do povo e forjado nas lutas da classe trabalhadora.
Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou um período de grandes transformações. A vida das pessoas mudou com o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, a Farmácia Popular, o Samu e as Upas, o Prouni e o Fies, o aumento real do salário mínimo, o empréstimo consignado, a maior reforma agrária da história, o novo Pronaf, o pré-sal, o PAC e a retomada do crescimento após anos de estagnação.
Os governos do PT enfrentaram injustiças históricas, por meio da Lei de Cotas no ensino superior e no serviço público; pela criação dos Ministérios da Mulheres, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos, que se ampliaram agora com o Ministério dos Povos Indígenas. Implantamos a Lei Maria da Penha, o Estatuto do Idoso e as políticas anti-homofóbicas e contra as discriminações.
Tiramos o Brasil do Mapa Fome e o colocamos em seu devido lugar no contexto internacional: um país soberano, que impulsionou o Mercosul e a integração sul-americana, mediador de conflitos e promotor da paz, líder na agenda ambiental e climática, exemplo no combate à pobreza e na defesa da democracia.
Este breve resumo dos governos petistas já seria o bastante para inscrever o partido na história, mas o tempo mostrou que o PT ainda seria necessário para resgatar o Brasil do profundo retrocesso a que o país foi submetido a partir do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.
Não podemos descrever aquele episódio com outra palavra que não seja golpe, por mais que tentem justificar com falácias e sofismas a deposição de uma presidenta que não cometeu crime de responsabilidade; uma brasileira honrada que não cometeu crime nenhum.
Aquele episódio abriu uma página de perseguição jamais vista contra um partido político e suas lideranças. Lula foi condenado ilegalmente e impedido de disputar uma eleição em que, mesmo preso injustamente, liderava todas as pesquisas.
E como acontece sempre que rasgam o direito, as leis e a constituição para alcançar o poder; quando se criminaliza a política para tirar de cena os líderes do povo, o país mergulhou num período de caos e destruição, inclusive das instituições democráticas.
A presidência da República foi desonrada por um farsante que não merece mais que duas palavras na memória nacional: Genocida e Golpista.
E coube ao PT construir, com o povo brasileiro, a grande frente de partidos, movimentos, organizações e personalidades democráticas que venceu o terror e o ódio, a mentira e a máquina, nas eleições presidenciais de 2022, mais uma vez sob a liderança do presidente Lula.
É imensa a responsabilidade que temos perante o país e a história neste momento de reconstrução. Honrar a confiança depositada nas urnas com a retomada do crescimento e da geração de empregos, como vem fazendo o presidente Lula, e fortalecer a esperança num futuro melhor, mesmo nas circunstâncias dificílimas que encontramos para governar.
É fato que o mundo mudou, especialmente o mundo do trabalho, nesses 45 anos e desde a primeira eleição de Lula. Mudou o Brasil, mudaram os meios de informação, de comunicação e até as formas da disputa política, que agora se dá contra uma extrema-direita feroz e ferida pela retomada da democracia.
Mas permanece igual e bem firme o compromisso de origem do PT com a transformação do país e da vida das pessoas. Contra a desigualdade e a pobreza, contra a exploração e a injustiça. Para transformar o presente e construir o futuro. Junto com o povo, sempre.
Para isso estamos dispostos a enfrentar todos os obstáculos e a aceitar todos os desafios da inovação, porque já mostramos que o país pode, sabe e precisa traçar seu destino, pelas mãos de quem construiu nossa riqueza a longo de séculos. Aprendemos muito nesses 45 anos e estaremos sempre aprendendo mais, para servir aos interesses do Brasil e da população.
Quero deixar uma palavra de reconhecimento a todos que contribuíram com a história do PT, desde os fundadores que sonharam com um novo modo de fazer a luta política, os que dedicaram a vida a este ideal e até os mais jovens que hoje se filiam ao partido.
E uma palavra de agradecimento à fantástica, aguerrida e resistente militância de todo o Brasil, alma desse partido. Sem vocês nós não teríamos chegado até aqui.
Viva do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!
Da Redação