Ao menos 12 capitais têm participado de uma ofensiva da extrema-direita contra cantores de rap e funk. Deputados estaduais e federais, além de senadores, apresentaram projetos de lei para proibir a apresentação de artistas que façam apologia ao consumo de droga ou ao crime organizado em eventos promovidos pelo poder público.
O movimento surgiu de um projeto de lei protocolado pelo vereadora do MBL Amanda Vettorazzo (União), de São Paulo. Seu projeto foi batizado de “PL anti-Oruam”, em referência ao rapper filho de Marcinho VP, líder do Comando Vermelho preso em 2009.
Ao menos 12 capitais já têm projetos parecidos, a maioria deles apresentada por vereadores do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, ou União Brasil. Além da capital paulista, há propostas em Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Vitória (ES), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT), Porto Velho (RO) e Natal (RN).
O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), coordenador do MBL, também apresentou um texto similar no Congresso Nacional, que já tem 46 assinaturas, e no Senado Federal a iniciativa foi de Cleitinho (Republicanos-MG).
O projeto não faz uma menção específica a nenhum cantor, mas Vettorazzo criou um site com fotos de Oruam para incentivar vereadores e protocolar o projeto em outras cidades. Ela também já disse que as músicas do artista “abriram as porteiras para que rappers e funkeiros começassem a produzir músicas endeusando criminosos e líderes de facções”.
Coordenadora da Frente Parlamentar do Funk na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), a deputada estadual Ediane Maria (PSOL) afirma que o projeto representa uma “perseguição” ao rap e ao funk, além de poder fazer avançar projetos que proíbam o investimento na cultura periférica no Legislativa.
“Colocam aquele medo de que ‘sua criança está usando droga por causa do funk’. Esse projeto instaura medo e um receio na sociedade”, avalia.
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