A Polícia Rodoviária Federal concluiu os trabalhos de perícia sobre o acidente que causou 39 mortes em Teófilo Otoni (MG), em 21 de dezembro do ano passado. Na ocasião, um bloco de quartzito — mineral usado em decoração — de mais de 30 toneladas se desprendeu e atingiu um ônibus, matando a maioria dos ocupantes do coletivo. O relatório pericial apontou irregularidades na carreta.
Segundo a PRF, a carreta transportava carga acima do permitido. No total, considerando os dois blocos de pedra, o peso do próprio veículo e dos reboques, a soma chegava a 90 toneladas, enquanto o limite autorizado para esse tipo de veículo é de 74 toneladas. Para suportar esse excesso, a suspensão do caminhão havia sido adulterada, apresentando características diferentes das originais de fábrica.
“À medida que a carga aumenta, o risco de tombamento cresce, pois a direção do peso se afasta do eixo principal do caminhão. A dificuldade em realizar curvas se intensifica, somada ao fato de que a inércia, associada a altas velocidades, pode resultar em saída de pista, invasão de faixa ou tombamento”, explicou a PRF.
A equipe responsável pela perícia elaborou uma reconstituição virtual do acidente. As imagens mostram que, no momento em que o bloco se soltou da carreta, um caminhão que vinha em sentido contrário conseguiu desviar, mas o ônibus, que seguia logo atrás, foi atingido em cheio. O impacto provocou um incêndio que resultou na morte de 39 pessoas. Apenas cinco ocupantes do coletivo sobreviveram.
Dois carros que trafegavam na mesma direção do ônibus também se envolveram no acidente. Um deles chegou a ficar sob a estrutura do coletivo, mas os ocupantes não sofreram lesões graves.
Outro fator agravante apontado na perícia foi o excesso de velocidade. No momento em que a pedra se desprendeu, a carreta estava a 93 km/h, em um trecho onde o limite máximo permitido era de 80 km/h.
A PRF informou ainda que o motorista descumpriu as regras de tempo de descanso entre as jornadas na estrada. “O fato de o motorista não respeitar o tempo de descanso aumenta a probabilidade de acidentes, pois amplia a frequência, a amplitude ou a variabilidade dos erros que ele pode cometer ao volante”, destacou o relatório.
O motorista da carreta, Arilton Bastos Alves, foi preso no último dia 21 de janeiro, no Espírito Santo. A Justiça de Minas Gerais determinou a prisão após exames comprovarem que ele dirigia sob efeito de entorpecentes.