A decisão do presidente Donald Trump de taxar em 25% todas as importações de aço e alumínio, a partir desta segunda-feira (10), vai afetar o Brasil, que é um dos principais fornecedores destes produtos para os Estados Unidos. Calcula-se que os impactos financeiros para o Brasil podem chegar a US$ 6 bilhões das vendas brasileiras.

A decisão de Trump ocorre em meio a estratégias protecionistas do mandatário de fortalecer a indústria norte-americana, aumentando as taxas das importações. Outra medida anunciada por ele foi a de implementar taxas recíprocas, ou seja, aplicar aos países as mesmas taxas que estes aplicam sobre produtos americanos.

Como está o Brasil na venda de aço para os EUA

De acordo com levantamento da agência norte-americana Bloomberg, logo após o anúncio dos planos de Trump, o Brasil será o 4º país mais afetado no mundo pelas políticas taxativas gerais de Trump, já amplamente chamadas de “guerra comercial”.

A Bloomberg buscou junto aos dados da UN Comtrade, da ONU, os principais fornecedores comerciais dos EUA. Cerca de 10% de todas as exportações de bens intermediários e mais de 30% de bens de capital do Brasil são destinadas aos Estados Unidos.

Nessa lista, o Brasil só perde para o México, Canadá e Vietnã nas quantidades de produtos de cada país que são produzidos para vender aos EUA.

Nestes mais de 30% de produção brasileira para a exportação de bens de capital, entram produtos como maquinários, computadores, equipamentos tecnológicos, celulose e formas primárias de ferro e aço.

Ainda, os Estados Unidos são atualmente o segundo maior parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para a China. Apenas no aço, o Brasil foi o segundo maior vendedor da matéria para os EUA no ano passado, depois do Canadá.

Na prática, perderão as siderúrgias brasileiras que produzem com a demanda de exportação. As consequências poderão vir na economia brasileira como um todo, incluindo em demissão de funcionários das indústrias que empregam cerca de 100 mil pessoas no Brasil e, em último caso, o fechamento de fábricas.

A reação do Brasil

Inicialmente, o governo brasileiro decidiu manter uma postura cautelosa e não se posicionou sobre possíveis retaliações imediatas, como já fizeram outros países como Canadá e China.

“O governo tomou a decisão de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas, não em anúncios que podem ser mal interpretados, revistos. Então, o governo vai aguardar a decisão oficialmente antes de qualquer manifestação”, confirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta segunda (10).

Para evitar perdas substanciais, o presidente Lula articula de forma diplomática, junto a embaixadores e representantes nos Estados Unidos, mas, ao mesmo tempo, estuda a possibilidade de ampliar outras parcerias comerciais no mundo. Países como a China e parceiros do Mercosul, na América Latina, e do BRICs, onde o Brasil já vem atuando, poderiam ser intensificadas para destinar a produção brasileira.

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Last Update: 10/02/2025