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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
Ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para quem não lembra (ou tenta esquecer), foi condenado a mais de 30 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e outras gentilezas. Mas, como a política brasileira opera em um universo paralelo, ele segue atuando nos bastidores, garantindo que seu legado de destruição continue intacto. Seu maior feito? Criar sua própria escola de formação política, que já produziu alguns dos maiores nomes da rapinagem legislativa.
Ironicamente, Cunha só caiu em desgraça quando terminou de cumprir seu papel no golpe e não interessava mais aos golpistas mantê-lo solto. Para condená-lo, usaram o dublê de juiz Sérgio Moro, outra figura obscena saída do pântano fascista.
Como vingança institucional, Cunha emplacou seu dileto assessor, Arthur Lira, como presidente da Câmara. Lira, que parece ter frequentado a mesma escola de ética que Cunha (ou talvez tenha sido um aluno ainda mais aplicado), aprofundou a arte da rapinagem legislativa. Sob seu comando, o orçamento da União virou um playground para emendas secretas, chantagens ao Executivo e joguinhos de poder que fariam até Maquiavel corar.
E o que dizer de Hugo Motta, o atual presidente da Câmara?
Pelo que mostrou em sua primeira semana de presidência, se não é, se assemelha muito a mais um produto da “escola Cunha”.
Cria dileta do “centrão”, o jovem do sertão da Paraíba tem o apoio irrestrito dos bolsonaristas e do pentecostalismo argentário – encastelado no Republicanos, seu partido – e, para piorar, recebeu votação expressiva dos partidos de centro-esquerda.
Para cumprir acordo com o fascismo, lançou ao vento a tentativa de anistiar os golpistas e livrar o futuro presidiário da inelegibilidade. Se a sociedade não reagir e barrar sua tentativa de golpear a democracia, ela poderá prosperar. Inventou uma tese tosca de que a tentativa de golpe filmada, fotografada, gravada e televisionada não era golpe, pois o chefe do golpe sequer estava no Brasil.
Claro que ele sabe que está mentindo, mas para açular os radicalizados, qualquer mentira é suficiente. Como bem observou a professora Lilia Schwarcz, o mais jovem presidente da Câmara ou “faltou na aula de ciência política e de atualidades” ou “sofre de amnésia seletiva”. Eu, particularmente, aposto nas duas opções.
E isso é apenas o começo. Com a ajuda onipresente de Eduardo Cunha, que despacha do gabinete da filha-deputada, dias muito piores virão.
Com certeza, novas formas de assaltos legislativos ao orçamento da União serão criadas, novas violências contra o Estado de Direito serão perpetradas, novas formas de corrosão da democracia serão “legitimamente” votadas na Câmara. Enfim, o horizonte próximo tem cheiro de enxofre.
Retomando a sabedoria do Doutor Ulysses, fica claro que a Câmara dos Deputados é um roteiro que se repete: achamos que atingimos o fundo do poço, mas sempre aparece um novo protagonista com uma escavadeira para provar que o buraco é mais fundo.
No Brasil legislativo, o pior não é um limite – é apenas um ponto de partida para algo ainda mais inacreditável. É como um desastre, um filme de terror que você sabe que fará mal, que causará danos, mas do qual não pode parar de assistir, sequer desviar o olhar.
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