O Google anunciou a revisão de seus programas identitários, chamados de equidade e inclusão (DEI), comunicando que não estabelecerá mais metas específicas para a contratação de minorias. A decisão foi revelada em um e-mail enviado aos funcionários no dia 5 de fevereiro de 2025, segundo informações do Wall Street Journal. Além disso, a empresa informou que deixará de divulgar seus relatórios anuais de diversidade, prática adotada desde 2014.
Essa mudança ocorre em um contexto mais amplo, onde outras gigantes da tecnologia, como Meta e Amazon, também estão reavaliando ou encerrando iniciativas identitárias. A decisão do Google reflete uma tendência crescente entre as big techs e empresas de todo o mundo de reduzir investimentos voltados para agradar uma cúpula identitária, financiada em sua totalidade pelo setor majoritário do imperialismo, especialmente após mudanças no cenário político e jurídico dos Estados Unidos.
No comunicado enviado aos trabalhadores da empresa, o Google afirmou que está avaliando os decretos do presidente Donald Trump e o impacto dessas medidas na companhia. Desde sua posse, Trump tem promovido ações que questionam políticas voltadas ao identitarismo e encerra metas que supostamente deveriam promover a inclusão. A Suprema Corte dos EUA também desempenhou um papel significativo nesse processo ao decidir contra ações afirmativas em 2024, o que influenciou diretamente as estratégias corporativas. O Google justificou a interrupção na divulgação dos relatórios anuais de diversidade alegando que esses documentos “não possuem tanto impacto quanto o esperado”.
A decisão do Google não é isolada. Outras grandes empresas do setor tecnológico já haviam tomado medidas semelhantes nos últimos meses. A Meta (controladora do Facebook e Instagram) encerrou seus programas DEI nos Estados Unidos após a decisão da Suprema Corte contra ações afirmativas. Além disso, a companhia eliminou sua equipe que servia apenas para promover a pauta identitária e realizou mudanças significativas em sua liderança. Joel Kaplan foi nomeado diretor de Assuntos Globais da Meta, enquanto Dana White, presidente do UFC (Ultimate Fighting Championship), foi eleito para o conselho da empresa.
A Meta também demonstrou apoio ao governo Trump ao doar US$ 1 milhão para o fundo destinado à posse presidencial. Essas decisões sinalizam uma guinada estratégica da empresa para alinhar-se às novas diretrizes políticas e reduzir custos operacionais nesse sentido. A Amazon seguiu um caminho semelhante ao anunciar que encerrará programas considerados “desatualizados” relacionados à representação.
Os programas DEI frequentemente demandam investimentos significativos em treinamento, recrutamento especializado e iniciativas internas para promover o convencimento de que tal agenda é, de fato, importante. Nenhum trabalhador são conseguirá acreditar que tal assunto seria importante se não houvesse um investimento considerável por parte de seu empregador na campanha, inclusive interna.
Além disso, há uma percepção crescente entre essas empresas de que os resultados práticos dessas iniciativas não correspondem ao impacto esperado. No caso do Google, por exemplo, apesar do aumento na representatividade de negros e latinos na força de trabalho ao longo dos anos, os números ainda estão longe de refletir uma mudança substancial no perfil demográfico da empresa.
As decisões das empresas de comunicação têm gerado reações de ira e denúncia por parte da imprensa burguesa, assim como dos financiados ao redor do mundo, que vão desde as índias de araque do imperialismo, como Sônia Guajajara, até Rogério Anitablian, que espumou em suas redes sociais contra o “ataque” ao USAID, o programa de intervenção imperialista ao redor do mundo.
Independentemente da posição adotada, é evidente que as ações dessas gigantes tecnológicas terão impacto significativo no mercado como um todo. Empresas menores frequentemente seguem as tendências estabelecidas pelas líderes do setor, o que pode levar a uma redução generalizada nos investimentos em pautas identitárias em diferentes indústrias.