A Agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos Estados Unidos (ICE) tem alterado datas de publicações antigas em seu site oficial, fazendo com que comunicados de operações de anos atrás apareçam nos primeiros resultados de busca do Google como se fossem recentes. A estratégia cria a impressão de que há prisões e batidas em massa acontecendo desde o retorno de Donald Trump à presidência, intensificando o medo entre imigrantes e comunidades vulneráveis.
Segundo uma investigação do “The Guardian”, milhares de comunicados do ICE tiveram suas datas atualizadas para 24 de janeiro de 2025, quatro dias após a posse de Trump. A análise mostrou que essas publicações tratam de ações realizadas há mais de uma década, mas agora aparecem no topo das pesquisas quando usuários procuram por operações de imigração.
A advogada de imigração Maria Andrade relatou que, apesar de não haver grandes batidas do ICE em Idaho, o primeiro resultado no Google para “prisões do ICE em Idaho” mostra um comunicado antigo falando sobre 22 detenções.
Especialistas em tecnologia confirmaram que a mudança de data nos comunicados foi feita propositalmente para influenciar os algoritmos do Google. O motor de busca prioriza conteúdos recentemente atualizados, o que fez com que as páginas do ICE fossem destacadas nos resultados. A estratégia explorou mecanismos de SEO (Search Engine Optimization), técnica utilizada para otimizar o ranqueamento de sites em mecanismos de busca.
A manipulação de informações tem levado a alarmes falsos, fazendo comunidades imigrantes acreditarem que grandes operações do ICE estão em andamento em diversas cidades dos Estados Unidos. Em alguns casos, xerifes locais precisaram intervir para desmentir os boatos. O xerife Morgan Ballis, do condado de Blaine, Idaho, declarou publicamente que não havia nenhuma evidência de prisões em massa na região.
O Google se pronunciou sobre o caso afirmando que seu algoritmo apenas reflete a última vez que uma página foi atualizada e negou que tenha favorecido os comunicados do ICE nos resultados de busca. No entanto, o estudo encontrou quase 13 mil publicações do ICE com a data alterada, enquanto outros órgãos governamentais não apresentaram mudanças semelhantes.
Até o momento, o ICE não respondeu às acusações
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