A operação conduzida pela Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) na Colônia Agrícola na última quarta (5), no Distrito Federal, expõe mais uma vez a brutalidade do Estado contra os trabalhadores. Sob o pretexto de combater “parcelamentos irregulares”, a ação, que já está em seu terceiro dia, nada mais é que a presença ostensiva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e do Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) para destruir as casas de pessoas e reforçarem o papel opressivo do Estado no massacre dos mais pobres.
Desde o início das derrubadas, moradores da região têm resistido às ações das autoridades. Na manhã desta quarta-feira (5), manifestantes bloquearam vias com pneus e pedaços de madeira em protesto contra a destruição de suas moradias. A PMDF, no entanto, rapidamente interveio para desobstruir as vias e garantir o avanço das máquinas de demolição.
Apesar da resistência, as autoridades afirmam que a situação permanece “controlada”, sem confrontos diretos até o momento. A repressão policial, no entanto, não se limita à remoção dos bloqueios. A presença do Patrulhamento Tático Móvel (PATAMO), famosos por seu requinte de agressividade em operações desse tipo, demonstra que o objetivo principal não é apenas executar as ordens judiciais, mas intimidar e sufocar qualquer tentativa de organização popular.
Essa postura nada mais é que o puro suco do neoliberalismo na prática: uma política de criminalização da pobreza e do direito à moradia. As justificativas oficiais para as derrubadas são sempre as mesmas: combate à irregularidade fundiária e destinação das áreas para “equipamentos públicos”. No entanto, a realidade é pior e chega a ser mais óbvia.
A área da Colônia Agrícola na 26 de Setembro abriga famílias trabalhadoras que construíram suas casas em terrenos muitas vezes adquiridos com sacrifício. Essas pessoas não ocupam terras por escolha ou conveniência, mas por necessidade, diante da ausência de políticas habitacionais e de uma distribuição decente de moradias para os trabalhadores.
Enquanto isso, grandes empreendimentos imobiliários seguem avançando sem enfrentar a mesma rigidez das autoridades, mas tendo elas em suas mãos. A seletividade das ações do DF Legal evidencia que o verdadeiro objetivo dessas operações é abrir espaço para a especulação imobiliária e atender aos interesses do capital privado. O aumento no número de operações na região – que triplicaram entre 2023 e 2024 – deixa ainda mais óbvio.
A atuação da Polícia Militar nas derrubadas é mais um exemplo do papel dessa instituição como braço armado do Estado burguês. Longe de proteger os interesses da população, como vendem pilantras da direita e canalhas da esquerda pequeno burguesa, a PM age como ferramenta de repressão contra os trabalhadores e os pobres de forma geral. Em situações como a da Colônia Agrícola, fica evidente que a função principal da polícia não é garantir segurança ou ordem pública, mas defender os interesses da burguesia, já que são, oficialmente, seu braço armado.
O caso ocorrido na 26 de Setembro não é um episódio isolado; ele faz parte de uma política que prioriza o mercado imobiliário, o terreno para especulação, em detrimento dos direitos básicos da população, como a própria moradia. A luta pela moradia deve ser entendida como uma questão política central para os trabalhadores brasileiros.
Organizações populares e movimentos sociais denunciam há anos essa realidade, mesmo que de forma limitada e com ações ainda mais limitadas, apresentando algumas ações que, apesar de não resolverem o problema do capitalismo, seriam um passo para a luta dos trabalhadores por seus direitos e pela revolução: regularização fundiária ampla, construção de habitações populares e fim das remoções forçadas.