Nesta quinta-feira (6), durante entrevista a rádios da Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a censura nas redes sociais sob a forma de “regulação” deste veículo de comunicação.
“Nós precisamos regular essa chamada ‘imprensa digital’. Não é possível que em uma imprensa escrita, em uma televisão, o cidadão fale uma bobagem e ele é punido – tem lei para isso – e no digital não tenha lei. Os caras acham que podem fazer o que quiser, provocar, xingar, incentivar a morte, a promiscuidade e não tem nada para punir. Não é possível que um cidadão ache que pode interferir na cultura da China, do Brasil, da Rússia, da Venezuela, da Argentina e que ele pode entrar em qualquer lugar e falar o que quiser. Não pode! O nosso Congresso Nacional tem responsabilidade e vai ter que colocar isso para regular. Se não for o caso, a Suprema Corte vai regular”, defendeu Lula.
Logo em seguida, o presidente brasileiro afirmou que as pessoas precisam ter o que chamou de “responsabilidade de expressão” nas redes sociais:
“É preciso moralizar. Todo mundo tem direito à liberdade de expressão, mas a liberdade de expressão não é as pessoas utilizarem esses meios de comunicação para canalhice, para fazer provocação, para mentir todo santo dia. Não é possível. Isso bagunça a economia, bagunça o varejo, o mercado como um todo. É preciso que haja seriedade. Eu sou daqueles que defendem uma regulação, com a participação da sociedade, porque ninguém quer proibir a liberdade de expressão. Quando mais liberdade de expressão, mais responsabilidade de expressão. O cidadão que está falando na televisão, no rádio, na internet, tem que ter responsabilidade, respeitar quem está ouvindo, a mulher, o homem, o adolescente.”
Cada vez que o governo Lula defende a política do imperialismo, se afunda ainda mais na lama. No caso das declarações acima, o fez com força total.
Finalmente, o que o presidente está defendendo é o estabelecimento de um regime de censura ainda mais autoritário nas redes sociais, o meio de comunicação mais democrático de todos – pelo menos até o momento.
Ao ressaltar a importância da liberdade de expressão ao mesmo tempo em que advoga pela chamada “responsabilidade de expressão”, Lula está, na realidade, afirmando que a liberdade de expressão deve ser um direito relativo. Em outras palavras, o que o presidente defende é que todos tenham o direito à livre expressão… desde que não usem esse direito para “provocar, xingar, incentivar a morte, a promiscuidade” etc., etc., etc.
Com isso, a liberdade de expressão passa a ter limites definidos por aqueles que têm o poder para o fazer. E Lula quer que, na ausência do Congresso Nacional, quem defina esses limites seja o Supremo Tribunal Federal (STF), a instituição mais antidemocrática e golpista do País. O tribunal que, nos últimos anos, instaurou uma verdadeira ditadura do Judiciário no Brasil.
E não adianta justificar essa sede por censura com argumentos aparentemente esquerdistas. Afinal, Lula afirma que é preciso regular as redes sociais para impedir a interferência “na cultura da China, do Brasil, da Rússia, da Venezuela, da Argentina” e na “economia”, no “varejo” e no “mercado como um todo”.
Quem de fato ataca a soberania dos países oprimidos, quem de fato “bagunça” a economia nacional é o imperialismo. Que o faz, dentre outras coisas, por meio da imprensa burguesa, a maior máquina de mentiras da história. Nunca é demais relembrar que quem orquestrou o golpe de Estado de 2016 e a prisão de Lula ao lado dos Estados Unidos foram veículos como Estadão, Veja, Folha de S. Paulo, Globo etc. Sem contar no fato de que, atualmente, quem defende a política de rapina do Banco Central, que impede o desenvolvimento brasileiro, é essa mesma imprensa.
Ao invés de advogar pela regulação dos monopólios da imprensa, no entanto, o governo Lula, pressionado pela burguesia, entrega bilhões de reais para os jornais mais poderosos do País. Ao invés de lutar pelo fim desse monopólio, o fortalece ao defender a censura nas redes sociais.
Somos obrigados a dar mais um conselho para Lula: toda e qualquer medida repressiva será, no final, utilizada para atacar a esquerda e os trabalhadores como um todo. Podendo ser usada, por exemplo, em um novo golpe contra o governo do PT.
Quem avisa, amigo é.
