Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil, e Janet Yellen, ex-secretária de Tesouro dos Estados Unidos. Foto: Diogo Zacarias

A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é marcada por um histórico de déficits para o lado brasileiro, com os estadunidenses exportando mais do que importam do país. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que, nos últimos 28 anos, os EUA acumularam um superávit de US$ 48,21 bilhões em trocas com o Brasil.

Desde 2009, o déficit comercial brasileiro com os EUA soma US$ 88,61 bilhões, um cenário que preocupa especialistas e autoridades.

Em 2023, a balança comercial entre os dois países ficou praticamente equilibrada, com o Brasil exportando US$ 40,33 bilhões e importando US$ 40,58 bilhões, resultando em um déficit de apenas US$ 253 milhões. No entanto, em termos proporcionais, o Brasil representa apenas 1,3% do total de importações dos EUA, mostrando uma assimetria na relação comercial.

Balança comercial do Brasil com os Estados Unidos. Gráfico: G1

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumiu o cargo em janeiro, tem adotado uma postura agressiva em relação a parceiros comerciais, impondo tarifas e ameaçando medidas protecionistas.

Recentemente, o republicano anunciou aumentos de tarifas sobre produtos do Canadá, México e China, citando questões de segurança e tráfico de drogas, como o fentanil. Embora tenha recuado temporariamente em algumas medidas, sua retórica continua a gerar tensões globais.

No caso do Brasil, Trump ainda não anunciou tarifas específicas, mas já fez declarações que sugerem uma postura desfavorável. Em janeiro, ele afirmou que o Brasil e a América Latina “precisam mais dos EUA do que os EUA precisam deles”, insinuando uma dependência econômica da região em relação à maior economia do mundo.

A imposição de tarifas pelos EUA pode ter efeitos negativos para a economia brasileira, especialmente em setores como o agronegócio e a indústria.

Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sinalizou que o Brasil agirá com “reciprocidade” caso seja alvo de medidas protecionistas. “Se ele [Trump] taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil em taxar os produtos que são importados dos EUA”, afirmou Lula.

Além disso, o petista defendeu a discussão sobre a criação de uma moeda comum entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais. “Temos direito de discutir formas de comercialização que não dependam só do dólar”, disse Lula, criticando as “bravatas” de Trump.

A ministra interina das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, afirmou que o Brasil buscará convergências com o governo Trump, apesar das declarações desafiadoras do presidente estadunidense.

“Vamos analisar cada passo das decisões que forem tomadas pelo novo governo. Mas acredito que, como somos um povo que tem fé na vida, tudo vai dar certo sempre. Vamos procurar trabalhar as nossas convergências, que são muitas”, declarou.

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Last Update: 06/02/2025