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A família Camargo, dona das rádios Alpha, Disney, 89 e investidora da Nativa e da Band – todas FM – comprou a rede de rádio Transamérica. A rede adquirida pelos Camargo possui emissoras em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro, e seu sinal chega a 370 cidades brasileiras, configurando um verdadeiro monopólio da comunicação nacional.

O valor negociado ainda não foi revelado, e a compra precisa ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Sem esconder a criação de um monopólio, a família Camargo afirmou que, com a compra da Transamérica, a rede poderia fechar um círculo em relação ao público, atingindo todos os ouvintes de rádio. Com a nova aquisição, a família Camargo tomaria posse de uma das maiores emissoras de futebol do país, um mercado no qual a família vê grandes lucros após a regularização das apostas esportivas online (bets).

Segundo uma pesquisa realizada pela Kantar Ibope Media em 2024, atualmente 79% dos brasileiros escutam rádio e consomem, em média, 3h55 de rádio por dia. A pesquisa apontou ainda que 77% dos ouvintes utilizam o rádio como veículo para obtenção de notícias.

Segundo dados da Kantar, duas das rádios controladas pela família Camargo estão no topo das mais ouvidas. Apenas em São Paulo, a Band FM concentra 2,5 milhões de ouvintes únicos, sendo a rádio mais ouvida da capital paulista. Em terceira colocada está a rádio Alpha, com 2,14 milhões de ouvintes únicos em São Paulo. Em quarto lugar, outra rádio da família Camargo, a Nativa, possui mais de 2 milhões de ouvintes. As rádios 89 e Disney também pontuam logo atrás, com 1,89 milhão e 1,7 milhão de ouvintes, respectivamente. A mais nova aquisição da família aparece mais abaixo, mas ainda entre as 20 mais ouvidas da capital, com 1,3 milhão de ouvintes únicos.

“Temos certeza de que, na nossa mão, vai acontecer uma otimização muito grande. Vamos triplicar o faturamento, diminuir as despesas e melhorar a programação [da Transamérica]. Temos uma máquina de vendas nas rádios. Quando a gente for visitar clientes [anunciantes], abre um leque”, afirma João Camargo.

João é um dos membros da família monopolista Camargo, mas também é presidente da mídia imperialista CNN Brasil (da qual detém 30% do capital), sócio e presidente do grupo de investimentos 89 Investimentos e presidente do think tank Esfera Brasil, expandindo seu controle sobre a comunicação e a política para além dos aparelhos AM/FM.

A família Camargo foi capaz de estabelecer um verdadeiro monopólio sobre a comunicação via rádio no país. Assim como a família Marinho dominou a comunicação pela televisão, os Camargo dominam a comunicação via rádio.

O único meio que enfrenta o monopólio da comunicação é a internet, mais especificamente as redes sociais. Diferentemente da rádio, da televisão ou dos jornais da mídia tradicional, as redes sociais permitem que qualquer um com acesso à internet possa ter um grande alcance, sem necessitar de grandes investimentos ou de concessões. Nas redes, há uma possibilidade de quebrar e combater a concentração da informação. Este diário é um exemplo disso.

Neste sentido, a política de censura nas redes é um retrocesso. Servindo como uma base de apoio para a manutenção do monopólio da comunicação e da informação, ela permite que fale e se comunique apenas quem tem dinheiro, ou seja, a burguesia.

Não é à toa que João Camargo chegou a declarar em 2023 que a CNN Brasil não seria um veículo nem de direita, nem de esquerda, mas “imparcial”. Com o monopólio, não há pluralidade de ideias. A burguesia fica livre para dizer o que bem entender. Curiosamente, a CNN foi um dos veículos que mais se posicionou contra a defesa do povo palestino e seguiu cegamente as ordens do imperialismo norte-americano.

O mais novo dono da Transamérica disse em entrevista que, durante a juventude, criou comitês de defesa ao então presidente Fernando Collor. Agora, com sua mais nova empreitada política – a Esfera – João avança sobre o governo Lula. O burguês disse em entrevista que, a qualquer momento que quiser, pode ter uma audiência ou ligar para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que ele o atenderá.

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Last Update: 06/02/2025