Foto: Jovana Cestile 

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST 

Mais uma vez as crianças do assentamento Eli Vive, em Lerrovile (Londrina/PR) ficaram sem aula. Dessa vez, o primeiro dia de ano letivo foi perdido pelas crianças do município, por conta do problema que se repete há anos na comunidade: a falta de manutenção nas estradas. Com as chuvas do final de semana, o transporte escolar (que é uma responsabilidade da prefeitura de Londrina) mais uma vez não conseguiu trafegar pelas estradas internas do assentamento e as crianças não puderam chegar à escola.

Jovana Cestille, mãe de um estudante e assentada há mais de dez anos, diz estar cansada do descaso “no ano passado, as famílias chegaram a parar as máquinas da prefeitura, em protesto pela situação, mas nada foi feito por nós”, relembra.

Nova escola, problema antigo 

Com mais de 500 famílias camponesas, o Eli Vive é um dos maiores assentamentos em área metropolitana do Brasil. Grande produtor de derivados do milho, o assentamento tem 13 anos de existência e possui agroindústria cooperada, com produção de fubá, etc etc. Além do milho, as famílias ainda produzem panificados de forma cooperada, horti-fruti orgânico e uma diversidade de alimentos que vão para as escolas do estado, para ações de solidariedade e para a comercialização na região. A comunidade ainda zela de uma reserva florestal e das nascentes que estão dentro da comunidade.

Para tocar a vida, continuar produzindo alimentos e cuidando do meio ambiente, as famílias precisam da educação das crianças. “A educação no campo é um direito previsto em lei, uma conquista para as nossas crianças poderem aprender a partir de sua realidade, em seu próprio território, assumindo aqui as responsabilidades futuras”, explica Sandra Ferreira, uma das lideranças da comunidade.

“Em reconhecimento a isso, no ano passado o assentamento ganhou uma escola municipal nova, um prédio com estrutura excelente para a educação das crianças”, conta Ferrer. “Entretanto, sem as estradas para levar as nossas crianças, toda essa potência da educação fica perdida”, avalia.

Ferrer explica que a manutenção das estradas é uma solicitação de mais de 13 anos. “É cansativo, a cada chuva nós precisamos lembrar a administração municipal da sua obrigação”, desabafa.

O problema é antigo. As imagens são de 2022 e 2023, respectivamente. Foto: Arquivo Rede Lume

Hoje os pais levam as crianças de seu lote até um ponto comum das estradas internas chamado de carreador. Nesse carreador, o transporte escolar municipal busca as crianças e leva para a escola, transitando pelas estradas principais. São essas as estradas que a comunidade reivindica a manutenção. 

Fora do plano emergencial

No dia 27 de janeiro, o atual prefeito Thiago Amaral anunciou um plano emergencial para recuperação de algumas estradas rurais, mas as estradas do assentamento Eli Vive ficaram de fora, mesmo com as péssimas  condições das estradas serem de conhecimento público e mesmo com as reivindicações e diálogos já estarem de tanto tempo.

Para Ferrer, a situação fica insustentável. “Vai chegar uma hora que as famílias não vão mais tolerar esse descaso. O que diferencia as nossas crianças? Por que a educação delas é menos importante? Por que as nossas estradas não foram incluídas no plano? São perguntas que o prefeito precisa responder”, conclui.

*Editado por Fernanda Alcântara

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Last Update: 05/02/2025