O documentário A Queda do Céu, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, estreia nesta quarta-feira 5 nos cinemas da França e ganha destaque nas críticas dos principais jornais do país. Os diários destacam a imersão que o trabalho propõe na vida e luta do povo Yanomami.
Um filme “desconfortável e alucinante”, afirma o jornal Libération sobre “uma das últimas etnias indígenas ancestrais, na luta para preservar os recursos da floresta em perigo”. Para o diário francês, o documentário “está a anos-luz” do que já foi produzido sobre a questão até o momento, retratando “a opressora ameaça do homem branco (…) às comunidades indígenas e cidades da floresta amazônica para explorar suas terras e riquezas”.
“Um trabalho em imersão” no mundo Yanomami, diz o site da revista NouvelObs, “entre documentário e ópera celeste”, que oferece “um vertiginoso mergulho sensorial, político e hipnótico” na cultura desta comunidade indígena.
Mesmo tom da parte da revista Courrier International, que afirma que Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha fazem o espectador descobrir o interior do universo Yanomami, sob o ponto de vista deste povo, proporcionando “uma experiência à parte”.
“Com os yanomamis do Brasil, a voz da floresta”, diz a revista Télérama no título de sua crítica. “Um filme desconcertante e engajado”, que prevê “um futuro obscuro”, observa o texto. Para a publicação semanal, A Queda do Céu faz o caminho oposto ao dos trabalhos etnográficos tradicionais, que tentam traduzir diferentes culturas e aclimatar o espectador. A matéria descreve uma imersão do espectador em “um mundo estrangeiro” e aposta que “certas faíscas e certos ecos poderão nos marcar de forma permanente”.
Ainda Estou Aqui
“Um documentário comovente e geopoético”, destaca a revista cultural Les Inrocks, descrevendo o trabalho como “inspirante e longe dos filmes acadêmicos”. A matéria também lembra que a co-diretora de A Queda do Céu, Gabriela Carneiro da Cunha, também é atriz e trabalha em Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, também em cartaz nos cinemas franceses. Já Eryk Rocha “é filho do imenso cineasta brasileiro Glauber Rocha”, reitera o texto.
Les Inrocks ainda salienta que o documentário do casal é inspirado no livro homônimo do antropólogo francês Bruce Albert e “o grande xamã Davi Kopenawa, porta-voz dos yanomamis do Brasil”.