Pela primeira vez, desde a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, a eleição de um presidente na Assembleia Legislativa (Alerj) se deu por unanimidade. Os 70 deputados votaram em Rodrigo Bacellar (União Brasil).

Isso significa que os partidos que se reivindicam de oposição ao governo estadual de Cláudio de Castro (PL), do partido de Bolsonaro, votaram naquele que garante a sustentação desse governo, através das medidas que são votadas na Alerj. Segundo o líder do PSOL na Casa, Flávio Serafini, “o balanço que se faz de dois anos é que o Parlamento não foi uma extensão do governo” e “que sendo respeitada ainda mais a proporcionalidade e a democracia interna podemos ter um Parlamento com maior autonomia e debate“.

Essa declaração de Flávio Serafini foi seguida pela deputada Dani Monteiro, também do PSOL, que foi além: “um Parlamento forte, de pé e unido pode defender os interesses dos trabalhadores e da juventude“. Ela só esqueceu de dizer unido com quem, porque Bacellar é membro do União Brasil, um partido do Centrão, e aliado de carteirinha do governo Cláudio Castro e do bolsonarismo de uma maneira em geral.

Em troca de alguns cargos na casa, o PSOL legitimou, com a sua votação em Bacellar, a sustentação que é dada ao governo atual de Castro pela Alerj. Esta Assembleia Legislativa que ignorou todos os escândalos do governo de Cláudio Castro, desde as denúncias de corrupção, os ataques à educação e aos serviços públicos e, mais que isso, a nefasta política de segurança pública que criminaliza a pobreza e implementa o genocídio ao povo pobre e preto das favelas e periferias.

Essa política do PSOL semeia ilusões num parlamento que está a serviço dos ricos e poderosos, como fez recentemente na privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) e, anteriormente, na privatização de todo o transporte público: metrô, trens e barcas, com seus péssimos serviços prestados e altas tarifas que oneram o bolso do trabalhador.

Essa mesma lógica levou o PSOL a votar na presidência da Câmara de Vereadores em Carlos Caiado (PSD), que orquestrou a aprovação dos ataques de Paes aos professores do município. Não é por outro motivo que os professores em greve chamaram a Câmara Municipal de “puxadinho da prefeitura “.

Por fim, esta política de alianças fortalece os governos e a extrema direita que o PSOL diz combater. Para o PSTU, a atuação num parlamento burguês tem de estar apoiada na independência política dos trabalhadores e tem de servir para denunciar o caráter de classe desse instrumento de dominação dos grandes empresários, onde são desferidos rotineiramente ataques à classe trabalhadora. Nenhuma ilusão no parlamento dos ricos e poderosos!

 

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Last Update: 05/02/2025