A crise do capitalismo em 2008 gerou os dois principais fenômenos da política imperialista. De dentro do bloco imperialista, a extrema direita rachou e foi se fortalecendo. Ao mesmo tempo, o imperialismo abandonou o direitismo de Bush e assumiu a sua face “democrática”, mas da forma mais reacionária possível, por meio da cultura “woke”, o identitarismo. São dois lados da mesma moeda imperialista, tanto os bolsonaristas quanto os identitários.
A extrema direita surgiu porque o regime político criado pelos neocons, o bloco dos republicanos de George Bush, era tão direitista que abriu margem para esse setor. Nos EUA, isso deu origem ao trumpismo, que acabou tomando conta do Partido Republicano. No Brasil, foi o PSDB que, no ápice do seu direitismo, na campanha golpista contra Dilma, pariu o bolsonarismo. De 2014 até 2018, essa direita tradicional se desintegrou e Bolsonaro se tornou o principal líder da direita.
O identitarismo, por outro lado, foi a política do bloco dominante, por isso hoje é tão repudiado e a extrema direita é tão forte no mundo. O imperialismo precisa parecer democrático para manter sua dominação mundial. A ditadura econômica do neoliberalismo é uma monstruosidade que precisa ser escondida de alguma forma. Assim, se criou a ideia de que o governo imperialista defende alguns oprimidos, principalmente os LGBTs, os negros e as mulheres.
O “wokeísmo” ainda tem outro objetivo: neutralizar a esquerda mundial. Diante da política totalmente repudiada do neoliberalismo, era preciso cooptar os tradicionais representantes do povo. Por meio das ONGs e das frentes amplas “democráticas”, a esmagadora maioria da esquerda mundial foi cooptada. O identitarismo serviu como uma gigantesca ferramenta de corrupção da esquerda.
Mas a ditadura imperialista continua, independente da ideologia, assim o identitarismo foi usado para aprofundar essa ditadura. Criou-se o policiamento do pensamento, a censura nas redes sociais, a política do aumento de penas, dentre outras medidas repressivas. E assim, fora do aspecto ideológico, se encontram a extrema direita e os identitários. São duas faces da mesma moeda da ditadura imperialista neoliberal.
A classe operária deve se opor de forma intransigente a essa falsa polarização. Os trabalhadores sempre tiveram a sua política e devem seguir lutando por ela. A principal luta não é nem com a extrema direita, nem com os identitários; é contra o imperialismo, independente de qual seja a sua face.