Gilberto Kassab disse que, se a eleição fosse hoje, Lula seria derrotado. Por quem? O vidente não disse e os jornais não perguntaram, nem quando publicaram a manchete.
Kassab está entrando no jogo dos jornalões para vender seu chefe em São Paulo, o extremista moderado Tarcísio de Freitas, como alternativa para 2026.
Na mesma semana da manchete do vidente, os jornais deram duas outras manchetes que gostariam de esconder. Essa seria escondida porque favorece Lula:
“Taxa de desemprego de 2024 fica em 6,6%, o menor índice da História”.
E essa outra deveria ser sabotada por ser terrível para Tarcísio:
“Registros de feminicídio e de estupro continuam crescendo e marcam recorde no Estado de São Paulo em 2024”.
Kassab acha que seu líder, que instigou as crueldades da sua polícia e viu a violência se alastrar em todas as áreas de São Paulo, venceria Lula, que derrotou o desemprego, fez o país crescer por dois anos seguidos e reconquistou a confiança internacional.
Mas esse é Kassab, um boneco dos grandes dos ventríloquos das organizações de mídia. Se fosse um personagem de clássicos de gibis e da literatura, Kassab não seria Tonto, o amigo de Zorro, nem Robin, o amigo de Batman, e tampouco Sancho Pança, o amigão de Dom Quixote.
Kassab seria amigo de Tonto para chegar ao Zorro, e da mesma forma para usar Robin e Sancho Pança. Kassab aproxima-se do mocinho pelo amigo dele. Sempre se fez como amigo do amigo de quem tem algum poder.
Já foi amigo de amigos de Maluf, via Pita, de Serra, Dória, Dilma, Temer, Bolsonaro e de Lula, até virar amigo de alguns deles, para desfrutar de cargos que favoreciam sua ambição de ser um dia o dono do centrão.
Kassab está sempre à espera de uma surpresa, para virar o que nunca seria sem imprevistos. Como passou a acontecer desde quando assumiu a prefeitura de São Paulo com a renúncia de Serra em 2006.
Até que, na sua grande empreitada política, virou dono do PSD. Kassab é o dono do time, mas não é seu craque. Nunca brilharia como estrela, mas como arranjador de esquemas que resultam, como resultaram em 2024, nas vitórias eleitorais municipais do maior partido de direita do país.
Esse é o seu talento, o que não significa que seja seu brilho. Kassab ganha jogos. Nunca será um Maluf, um Serra ou mesmo um Bolsonaro, porque joga na espera e sobrevive de sobras.
A direita acredita que o destino reservou a Kassab uma figuração para que um dia seja uma espécie de Michel Temer do pós-bolsonarismo. Sempre se esgueirando no poder e com metade da cara encoberta pelas sombras.
Kassab nunca será candidato a presidente da República. Mas, para largar um verde, anunciam aos amigos da imprensa que ele pode ser o candidato a vice de Michelle em 2026, mesmo que pretenda ser vice de Tarcísio.
É o que falam de Kassab hoje, com certa dose de sacanagem. Que ele pode, num cenário criado pelo imponderável, como vice de Michelle, virar presidente. O destino de Kassab hoje seria esse: virar vice de Michelle.
Mas é como pretendente a vice de Tarcísio que ele participa, com a velha e a nova direita, com os jornalões e com a Faria Lima, do plano de desqualificação do governo, que passa por ataques a Lula e a Fernando Haddad.
Kassab precisa atirar nos dois, como candidato a vice de Michelle que pensa que será vice de Tarcísio, porque precisa levar a sério a possibilidade de ser vice de novo, de qualquer um, para que aconteça com ele o que aconteceu com Sarney, Itamar e Temer.
Mesmo que tenha transformado o seu PSD na velha Arena e que o jogo político no Brasil dependa também das suas manobras, Kassab será sempre Kassab, uma tartaruga que, se sabe, porque todos viram, subiu no poste com método.
Mas hoje, o que dizem, para constrangê-lo e até humilhá-lo, é isso, que seria o vice ideal de Michelle. E Michelle seria derrotada por Lula. Kassab sabe, pelas pesquisas, que todos seriam derrotados por Lula, inclusive o chefe dele.
Mas os adivinhos da direita, inclusive os dos jornalões, vivem desde 2022 da ilusão que vendem com as suas adivinhações.
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