O Festival Abertura, realizado em 21 de janeiro de 1975, tentava resgatar a era dos grandes festivais da música popular brasileira dos anos 1960 – responsáveis tanto por produções memoráveis quanto por polêmicas históricas. Foi nesse palco que, há 50 anos, Djavan apresentou Fato Consumado (Eu quero ver/ Você mandar na razão/ Pra mim não é qualquer notícia que abala o coração…).
A canção se tornaria um dos maiores sucessos da carreira do cantor e compositor alagoano, que completou 76 anos no último dia 27. O festival precedeu em um ano o lançamento de seu primeiro álbum, A Voz, o Violão, a Música de Djavan (1976), que também trazia a icônica Flor de Lis (Valei-me Deus/ É o fim do nosso amor/ Perdoa, por favor…).
No final de 2023, a Som Livre lançou o álbum Origem, reunindo gravações de Djavan antes de sua estreia oficial. São 12 faixas, registradas para trilhas de novelas, coletâneas e compactos – um formato comum na primeira metade dos anos 1970. Já nessas interpretações, o artista revelava sua afinação, musicalidade refinada e talento como compositor, com cinco das canções assinadas por ele.
O repertório de Origem inclui músicas de compositores consagrados, como Qual é? (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), Presunçosa (Antônio Carlos & Jocafi), Calmaria e Vendaval (Toquinho e Vinicius de Moraes), A Escola e No Silêncio da Madrugada (Luiz Ayrão), Samba da Volta (Toquinho e Vinicius de Moraes) e Olá (Catulo de Paula). Entre as autorais, estão Anastácio (parceria com César Costa Filho e Walter Queiroz), Rei do Mar, Fato Consumado, Um Dia, É Hora e Romeiros.
Em depoimento à gravadora, antecipado em primeira mão por CartaCapital, Djavan refletiu sobre esse início de trajetória: “Os compositores desse período tiveram grande influência no meu trabalho de composição. Isso aconteceu em uníssono com tudo o que passei a ouvir depois.”
A diversidade musical sempre foi um norte para o artista: “Eu sempre ouvi muito, e de maneira a abranger minha sede por diferentes referências. A partir daí, minha música e minha composição foram ganhando novos horizontes. Cresceram justamente por causa desse início e de tudo o que eu buscava ouvir.”
Com esse olhar para o passado, Djavan celebra seus 76 anos aprofundando as raízes de uma trajetória única na música brasileira.