A saga histérica na esquerda pequeno-burguesa contra Donald Trump segue firme e forte. Desta vez, trazemos o texto Opinião: nos EUA, águia ou abutre?, assinado pelo frei/padre Gilvander Moreira, e publicado no portal da UP (Unidade Popular), A Verdade, nesta terça-feira (28).
No artigo não faltam adjetivos para se classificar Trump, tais como: deprimente, colonialista, racista, prepotente, ufanista, populista, homofóbico, xenófobo, déspota, fascista/nazista, deprimente, esquizofrênico, Nabucodonosor, comedor de capim e exterminador do futuro”. Pelo jeito, o atual presidente dos EUA conseguiu até a façanha de desbancar Arnold Schwarzenegger(1).
O autor diz que a história prova que nenhum império é eterno, pois estes conhecem períodos de ascensão, decadência e morte; “e não será diferente com o império dos Estados Unidos ou das Big techs”. Presa a modismos, setores da esquerda vivem repetindo que as empresas de tecnologia, ou de redes sociais, as big techs, seriam um novo tipo de capitalismo, ou que seriam uma nova forma de imperialismo, o que é absurdo, elas compõem apenas uma fatia do grande capital.
Para Gilvander Moreira, Trump foi empossado como o novo imperador dos Estados Unidos, o que não passa de fantasia, pois presidentes norte-americanos são apenas funcionários da burguesia. No caso de Trump, uma burguesia que está rivalizando com o grande capital financeiro, que tem tirado recursos e empobrecido o grande capital doméstico dos EUA.
Esse setor da esquerda anda assustado com o discurso de Donald Trump tais como: “inicia agora a era de ouro da América”, “construiremos as forças armadas mais poderosas do mundo”, “vamos invadir o Panamá e retomar o Canal”, “vamos terminar o muro que separa os EUA do México”, “vamos cobrar impostos dos povos em outros países impondo tarifas comerciais para que nossos cidadãos paguem menos impostos e possam ter prosperidade, glória e seremos motivo de inveja em todo o mundo…”. No entanto, nada disseram sobre a atuação nefasta de Joe ‘Genocida’ Biden, que não ficou apenas nas palavras, agiu concretamente, como nas inúmeras agressões à China, no financiamento dos sionistas para massacrarem palestinos. Para ficarmos por enquanto em dois exemplos.
O clima, mais uma vez
Gilvander Moreira alega que “até a mãe natureza boicotou a posse de Trump por ter imposto à capital Washington a temperatura de 5º C negativos com sensação térmica de 10º C negativos”. Não deixa de ser engraçado, pois uma breve pesquisa aponta que, nos últimos 50 anos, o janeiro mais frio foi o de 1977, durante a posse do “democrata” Jimmy Carter, quando a média ficou em 6º C negativos. Será que a mãe natureza prefere os republicanos? Nunca o saberemos.
O autor do texto considera “absurdo também o Trump vociferar que vai ‘perfurar, perfurar, todos os poços de petróleo inexplorado no país e que não estará nem aí para transição energética’”, é que, diferentemente dos aloprados identitários, Trump sabe que é preciso energia para o funcionamento de vários setores da economia. E sabe também que toda essa conversa de ‘transição energética’ é uma operação pega-trouxa, que só serve para achacar os países atrasados, ou seja, que os EUA devem ignorar.
Alguns padres, talvez por estarem acostumados a falar em nome de Deus, passam a falar também em nome da natureza, por isso lemos a ameaça de que “se acelerar a indústria petrolífera nos Estados Unidos, o império será devastado com maior rapidez, pois a natureza virá rugindo como um leão na selva e devorará tudo o que encontrar pela frente”.
Existe uma dialética que não entra na cabeça dos identitários, o fato de termos ainda de queimar muito combustível fóssil até conseguirmos produzir, dentro de décadas, fontes de energias limpas. Sem desenvolvermos a indústria, e consequentemente a ciência, isso não será possível.
Segundo o artigo, “negar a necessidade de frear o desenvolvimentismo econômico à custa de brutal devastação dos bens naturais – terra, águas, ar – será acelerar a marcha em um desfiladeiro para o precipício e a morte final de todos e todas”.
É uma esquerda aloprada essa que tenta barrar o desenvolvimento. Como ela espera atingir o socialismo sem quem as forças produtivas estejam realmente desenvolvidas?
Obscurantismo
Moreira, que é frei e padre, “milhares de criminosos que invadiram o Capitólio tentando impedir que o Joe Biden, que havia sido eleito, tomasse posse é absurdo dos absurdos, é insistir em voltar à idade das trevas”. Não é verdade. Idade das trevas é querer resolver questões sociais com a cadeia, é querer que pessoas se manifestem e lutem contra aquilo que acreditam estar errado.
Nos Estados Unidos, milhares de pessoas se sentiram lesadas (e com razão) com o resultado eleitoral. No Brasil, e com apoio da “esquerda”, virou crime questionar o processo eleitoral. Os ministros do TSE são tão infalíveis quanto o Papa. Portanto, só nos resta calar, baixar a cabeça, e obedecer.
Gilvan Moreira também jogou para escanteio a importância da classe operária para a revolução. Alega que “América Afrolatíndia, berço de coragem e esperança, será a tumba do neofascismo/neonazismo global”.
“Afrolatíndia”, identitários adoram esses neologismos, servem muito bem para apagar os antagonismos de classe e as lutas sociais. As mulheres, por exemplo, que há muito lutam por seus direitos, deixam de existir, passaram a ser “pessoas que engravidam”. As pessoas são ‘corpos’, ‘copos trans’, e toda sorte de maluquices. Não vai demorar muito, e os trabalhadores serão transformados em ‘corpos que operam máquinas’, ‘corpos que apertam botões’ etc.
Finalizando, Moreira afirma que “a força e a luz do justo, ético e da verdade, o que nos faz mais humanos, terão a última palavra”. Infelizmente, o mundo real não é bem assim. A última palavra só será nossa após uma luta encarniçada contra nossos inimigos de classe, e eles covardes e extremamente violentos, como vimos recentemente na Palestina.
Temos de seguir o exemplo do Hamas, e todo o Eixo da Resistência, e enfrentar um inimigo poderoso, não adianta ficar chorando dizendo que o atual presidente dos Estados Unidos é um fascista. O anterior também o era, e talvez pior, o tempo dirá. Afirmar que Trump é o demônio é, na verdade, limpar a barra dos crimonosos que ocuparam a Casa Branca nos últimos 150 anos.