A primeira viagem da administração de Donald Trump às Américas será à Venezuela. Richard Grenell, enviado do republicano para missões especiais, desembarcou em Caracas nesta sexta-feira (31) para uma visita que, segundo o governo dos EUA, não tem caráter de negociação, mas sim de enviar uma “mensagem inequívoca” ao governo de Nicolás Maduro. A informação foi confirmada por Mauricio Claver-Carone, enviado de Trump para a América Latina, durante uma coletiva de imprensa.
Apesar de Washington reconhecer o opositor Edmundo González como presidente eleito da Venezuela, a Casa Branca busca o apoio de Maduro para dois objetivos-chave: a deportação em massa de imigrantes venezuelanos em situação irregular nos EUA e o combate ao tráfico de drogas que chega ao território estadunidense.
Atualmente, não há um acordo entre os dois países para a deportação de cidadãos venezuelanos, e a cooperação com Caracas é vista como essencial para frear o avanço de grupos criminosos como o Tren de Aragua.
Claver-Carone foi enfático ao afirmar que a Venezuela precisa aceitar a deportação de criminosos venezuelanos e libertar prisioneiros estadunidenses detidos no país.
“Os criminosos do Tren de Aragua têm de ser deportados e aceitos pela Venezuela, isso não é negociável. Segundo, os reféns norte-americanos hoje na Venezuela têm de ser imediatamente soltos e enviados aos EUA”, declarou.
O número exato de cidadãos dos EUA presos na Venezuela é incerto, mas Caracas alega que eles são mercenários acusados de tentar desestabilizar o regime.
Além disso, a visita de Grenell pode trazer repercussões econômicas para a Venezuela, especialmente no setor petrolífero. Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, já havia sugerido revisar a permissão concedida à Chevron para operar no país.
A viagem ocorre em um momento delicado nas relações entre os dois países. Em 2022, os EUA aliviaram sanções econômicas contra a Venezuela como parte do Acordo de Barbados, que previa eleições livres e observação internacional. No entanto, Maduro foi acusado de não cumprir integralmente as promessas feitas, o que gerou desconfiança em Washington.
Outro ponto de tensão é a recente decisão de Trump de revogar a proteção temporária concedida a 600 mil venezuelanos que não podem retornar ao país por medo de perseguição. A medida foi criticada por organizações de direitos humanos e até pela oposição venezuelana, que vê no apoio dos EUA uma peça fundamental para pressionar Maduro a deixar o poder.
María Corina Machado e Edmundo González, líderes opositores, pediram que Washington proteja venezuelanos que não estão envolvidos em atividades criminosas.
Antes da viagem à Venezuela, especulava-se que os primeiros destinos da administração Trump na região seriam Panamá, El Salvador, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana. Marco Rubio iniciará uma turnê por esses países a partir deste sábado (1º), com foco em dois temas principais: imigração e a crescente influência da China na América Latina.
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