Perto de deixar a presidência da Câmara – a eleição para seu sucessor acontece neste sábado 1º –, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) defende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça uma reforma ministerial. Entretanto, apesar de ser alvo de especulações para assumir um cargo no primeiro escalão, ele nega que tenha negociado sua entrada no governo.
Em entrevista ao jornal O Globo, Lira disse que ‘o Senado ficou mais prestigiado que a Câmara’ no cenário de formação do governo, após as eleições de 2022, e defendeu que Lula mexa na composição de seu time de ministros para garantir apoio na Casa.
“Existem partidos que estão menos representados e dão mais votos. O governo deve ajustar isso, se entender que é a maneira de conseguir apoios. Deve haver arrumação de baixo para cima. Só em cima, não salvará, não resolverá. O Lula é um animal político muito experiente, mas não pode estar na linha de batalha. Tem que ter gente brigando”, apontou.
Crítico de diversos setores do governo, o deputado disse ainda que falta ‘credibilidade política’, e afirma que é necessário solucionar, por exemplo, problemas nas relações institucionais. Uma das soluções apontadas em Brasília seria a oferta de um cargo de ministro a Lira, o que ele nega ter acontecido.
“Eu não falo sobre conjecturas”, disse, quando perguntado se aceitaria um cargo na Esplanada dos Ministérios. “O ‘se’ não existe. Nunca tive conversas com Lula sobre ministério, nem com nenhum membro do governo”, garantiu. “Não tenho respostas para algo que nunca foi conversado. Minha obrigação é deixar a presidência [da Câmara] com a cabeça erguida, com a sensação de dever cumprido”, prosseguiu.
Em outros momentos da entrevista ao jornal, porém, Lira mostrou que está disposto a conversar com Lula e o PT e não descartou, nem mesmo, a possibilidade de seu partido, um dos expoentes do chamado “centrão”, abraçar a provável candidatura de Lula à reeleição no ano que vem.
“Hoje temos Lula e Bolsonaro como únicos candidatos da esquerda e da direita, é assim que vejo. Bolsonaro está tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018. A nossa Constituição traz brechas para isso. A decisão de apoiar um ou outro precisa ser muito amadurecida. Hoje, o PP não tem essa decisão clara de que iremos para cá ou para lá”, disse.