Uma operação comandada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego resgatou, na última terça-feira 28, quatro argentinos em situação análoga à escravidão na colheita da uva em São Marcos (RS). Também participaram da ação o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal.
Os resgatados têm entre 19 e 38 anos e são de Misiones. Eles estavam alojados em uma casa de madeira com dois quartos que, segundo depoimentos dos trabalhadores, chegaram a abrigar 11 homens em condições precárias.
Eles dormiam em colchões no chão e não tinham armários ou móveis para armazenar seus pertences. A fiação elétrica estava exposta, uma violação de normas de segurança do trabalho.
De acordo com os auditores fiscais, a água era um dos principais problemas: a mesma água que abastecia as torneiras, captada de um pequeno açude junto à casa, era usada no banho e na descarga. Posteriormente, ela era devolvida ao pátio, formando um esgoto a céu aberto na entrada e contaminando a água do açude, que, na sequência, serviria para o consumo dos trabalhadores.
A água, segundo os auditores, apresentava cor amarelada e odor fétido. “Os trabalhadores relataram sofrer com alergias cutâneas e diarreia”, acrescentaram.
Os resgatados disseram ter sido agenciados por um argentino, que buscava trabalhadores em seu país e os enviava a uma arregimentadora de serviços em São Marcos, com a promessa de trabalho bem remunerado, incluindo moradia.
Ao chegar ao local, porém, notaram a precariedade da habitação e, após uma semana de trabalho, quando deveriam receber pelos serviços prestados, foram abandonados à própria sorte.