A eterna namoradinha da ditadura, Regina Duarte, depois de um tempo de silêncio que soou como música aos nossos ouvidos, veio a público rasgar elogios a “Ainda Estou Aqui”, filme de Walter Salles sobre o desaparecimento de Rubens Paiva, morto pelo Estado durante a ditadura militar.
Ao ser perguntada, em suas redes sociais, se havia assistido ao filme, a ex-secretária de Cultura do governo Bolsonaro referiu-se a Eunice Paiva como “heroína”.
Das duas, uma: ou ela não entendeu nada do filme, ou é mesmo muito cara de pau.
Quando ainda ocupava o posto de secretária da Cultura, em 2020, Regina Duarte deu uma entrevist à CNN Brasil (e foi, inclusive, processada por apologia a crimes de tortura praticados no período militar).
“Eu acho essa coisa de esquerda e direita tão abaixo do patamar da cultura”, afirmou. “Agora, por que eu estou apoiando o governo Bolsonaro? Porque eu acredito que ele era e continua sendo a melhor opção para o país. E aí você diz assim: ‘Ah, mas ele fez isso, ele fez aquilo’. Eu não quero ficar olhando para trás. Se eu ficar olhando para o retrovisor, eu vou dar trombada…”
Ou seja, minimizou a tortura durante a ditadura ao apelar para o clichê do “não vamos olhar pra trás”.
Acontece, Regina, que há memórias das quais depende o nosso futuro. A principal delas, sem dúvidas, é a memória desse período sombrio que matou tanta gente como nós.
E gente como você?
Estava do lado do opressor, chamando discurso de ódio de “liberdade de expressão”, como fazem você e os seus até os dias de hoje.
Se não bastasse, completou: “Ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80… Gente, ‘vambora’, ‘vambora’ para frente”.
Tentar convencer um país que ainda vive as terríveis consequências de um regime militar a “não olhar pra trás” é de uma desonestidade estonteante.
Regina Duarte sabe o que foi a ditadura e sabe, sobretudo, em que lugar ela estava.
Apoiou a ditadura, apoiou o golpe de 2016 e apoiou Jair Bolsonaro, para agora vir dizer que Eunice Paiva é uma heroína, só para surfar na onda do sucesso de um filme dito “esquerdista”?
Gente como Regina Duarte acha que a história é sempre capaz de perdoar e esquecer – e seria, mesmo, caso não houvesse a luta do que ela chama de “esquerdopatas”.
“Ainda Estou Aqui” é um filme sobre memória. Um filme, sim, recheado de ideologia – como tem que ser. Um filme que vai de encontro a tudo que Regina Duarte é e apoia.
Ela deveria, portanto, ter vergonha de si mesma diante de seus colegas de ofício, ter um pouco de brio ao menos, em vez de agir como se todos tivessem esquecido de que lado ela sempre esteve.
Basta de esquecimento.
Lembrar das atrocidades da ditadura é lembrar, principalmente, que não dá pra confiar em gente como Regina Duarte.
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