O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece resignado com o novo aumento da taxa básica de juros do país, feito na última terça-feira 29. Ao menos, em relação ao papel do presidente do órgão, Gabriel Galípolo, na decisão.
O chefe do BC não poderia dar “um cavalo de pau em um mar revolto”, disse o petista, em conversa com jornalistas nesta quinta-feira 30, em Brasília (DF).
Lula reconheceu que “já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros”, pelo que já vinha sendo indicado pelo ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, que deixou o cargo no final de dezembro. Para Lula, “Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer”.
Apesar da subida na Selic – Lula vem sendo um crítico habitual aos aumentos, alertando para os impactos no consumo da população -, o petista demonstrou confiança no trabalho de Galípolo. “Temos que ter paciência. Eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do BC e tenho certeza de que ele vai criar as condições de entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor no tempo que a política permitir que ele faça”, disse.
Na reunião desta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, de maneira unânime, elevar a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano. O aumento de um ponto percentual já era esperado.
A escalada da taxa básica de juros não deve parar no curto prazo. O próprio BC já indicou que deverá seguir subindo a Selic, pelo menos, durante o primeiro semestre deste ano. O mercado espera que o indicador-base dos juros no país chegue próximo a 15% ao ano.
O aumento da taxa de juros tem duas consequências imediatas: ele torna mais caro os financiamentos – a exemplo de imóveis e carros – e torna mais caras as despesas públicas. Entretanto, do ponto de vista da entidade monetária, a medida é necessária para tentar conter a subida dos preços no Brasil, que foi detectada nos últimos meses e deverá ser uma realidade em 2025. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação no ano passado ficou em 4,83%, acima do teto da meta.
O tom mais moderado em relação à mais recente subida da Selic não foi adotado apenas por Lula, mas pelo governo, de modo geral. Na última quarta-feira 29, por exemplo, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reconheceu que a decisão “não tinha como sair disso”. Entretanto, segundo ele, Galípolo e a diretoria do BC “vão ter que assumir responsabilidades para não entrar na mesma rotina de aumento de juros”.