O Bolsa Família, que atende 20 milhões de famílias em 5.570 municípios, movimentou R$ 14,14 bilhões em recursos federais em 2023.
Além de transferir renda, o programa fornece dados utilizados por instituições financeiras para criar serviços mais direcionados, segundo análise de especialistas.
Tecnologia analisa padrões de beneficiários
Igor Castroviejo, diretor da 1datapipe, explica que bancos usam inteligência artificial para cruzar informações do programa com bases internas.
“Isso permite identificar comportamentos e criar produtos específicos para quem está fora do sistema tradicional”, afirma.
Dados da Deloitte indicam que 96% dos bancos já adotam IA. Um levantamento da Cinnecta mostra que metade das instituições no Brasil aplica a tecnologia em análises de crédito.
“O cruzamento de dados reduz o tempo para desenvolver soluções voltadas a baixa renda”, complementa Castroviejo.
Falta de crédito ainda é barreira
Um estudo do Mercado Pago e IBPAD revela que 33% dos brasileiros não se consideram incluídos financeiramente.
Desses, 73% citam a dificuldade em obter empréstimos como principal motivo.
“Muitas instituições ainda usam critérios desatualizados, o que exclui pessoas aptas a pagar”, diz Castroviejo.
Programa estimula economia em regiões periféricas
Ao usar dados do Bolsa Família, bancos conseguem mapear necessidades em comunidades distantes.
“Isso gera produtos mais simples e baratos, como métodos de pagamento eletrônico”, conclui o executivo.
A prática também facilita a oferta de crédito em áreas com menor acesso a serviços financeiros.
Segundo Castroviejo, a integração de informações ajuda a reduzir desigualdades.
“O objetivo é garantir que decisões considerem a realidade econômica das famílias, não apenas registros formais”, finaliza.