A digitalização está transformando o mercado B2B em uma velocidade impressionante. No entanto, uma pergunta permanece: o Brasil está pronto para essa mudança?
Segundo a especialista Daniela Vianna, vice-presidente de produto na Credix, as fintechs têm apontado caminhos promissores, mas os desafios ainda são grandes, “especialmente para as PMEs”.
Essas empresas enfrentam barreiras significativas para acessar crédito, o que limita seu crescimento e impacto na economia.
A revolução da automação e da IA
As análises que antes dependiam de processos manuais e demorados agora são feitas em segundos. Com o uso de dados como históricos financeiros, padrões de pagamento e comportamento transacional, sistemas automatizados tomam decisões rápidas e confiáveis.
Além disso, a automação financeira trouxe eficiência operacional e reduziu custos, mudando o jogo para empresas de todos os tamanhos.
Um estudo da Cinnecta, do grupo Matera, revelou que 50% das instituições já utilizam IA nos processos de crédito, reforçando o papel indispensável dessa tecnologia na otimização financeira.
APIs conectam operações e facilitam crédito
APIs abertas têm sido um divisor de águas no mercado B2B. Elas conectam operações financeiras diretamente aos sistemas de planejamento dos recursos empresariais (ERPs) e plataformas de vendas.
Essa integração melhora o fluxo de caixa e facilita o acesso ao crédito para PMEs, permitindo que elas ampliem seus negócios com mais fornecedores e melhores condições.
No entanto, apesar desses avanços, as PMEs ainda enfrentam um cenário desafiador.
O desafio do crédito para as PMEs
As PMEs representam 41% dos empregos formais e 27% do PIB brasileiro. No entanto, elas têm acesso a apenas 18% da carteira de crédito nacional. Com 80% delas apresentando um score abaixo de 500, o crédito tradicional é quase impossível.
Isso as deixa reféns de taxas abusivas ou sem opções de financiamento. Nesse cenário, dados alternativos, como hábitos de pagamento e volume de transações, têm sido cruciais para destravar oportunidades.
Como explica Daniela Vianna, “dados alternativos permitem que enxerguemos potenciais que o mercado tradicional ignora. Isso é transformador para pequenas empresas que, de outra forma, ficariam à margem do sistema financeiro”.
Por que isso importa?
Para a indústria e grandes distribuidores, a chave para o crescimento das vendas e melhores margens está na capacidade de expandir sua base de clientes para pequenos e médios varejos. O desafio, no entanto, sempre foi o crédito.
De um lado, as PMEs sofrem com descasamento de caixa e precisam de prazos e crédito para sobreviver. De outro, os fornecedores, ainda dependentes de métodos tradicionais de análise de crédito, evitam arriscar seu caixa, oferecendo prazos mínimos ou nenhum. Esse é o dilema do crescimento no mercado B2B.
O papel das fintechs
As fintechs têm um papel crucial nesse cenário. Com IA e machine learning, elas realizam análises mais amplas e personalizadas, enxergando potenciais que o mercado tradicional ignora.
Isso permite que pequenas empresas com grande potencial finalmente tenham acesso a crédito em condições justas. Além disso, a automação de processos acelera decisões e melhora a resposta às demandas de um mercado dinâmico.
Vianna aponta que “a integração de crédito diretamente no fluxo de vendas permite aprovações instantâneas, fideliza clientes e fortalece relações comerciais. É um avanço que beneficia toda a cadeia produtiva”.
Quem vai liderar o futuro do mercado B2B?
Empresas que conseguirem unir tecnologia, eficiência e impacto abrirão caminho para um futuro mais acessível, justo e sustentável.
Ao fazerem isso, elas não apenas moldarão o mercado B2B, mas também a economia brasileira como um todo.
A colaboração entre fintechs, empresas tradicionais e governos será essencial para superar os desafios estruturais e garantir que as PMEs possam prosperar.
O futuro do mercado B2B depende dessa sinergia, e aqueles que liderarem essa transformação colherão os frutos de uma economia mais inclusiva e dinâmica, completou a especialista.
