Nesta segunda-feira (24) foi dado o pontapé inicial do novo podcast da COTV, apresentado por João Pimenta e Henrique Simonard. Os novos episódios serão transmitidos às 19h, sempre às segundas-feiras, no canal COTV. A estreia contou com um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, que atuou como tesoureiro da CUT e do PT. Sendo um quadro importante do partido, Delúbio virou alvo da campanha anti-petista da imprensa burguesa e do judiciário.
O ingresso na vida política
Questionado sobre como teria entrado no PT, Delúbio lembrou um pouco da sua trajetória: “eu nasci numa cidade bem pequena, meus pais são analfabetos (…) nasci numa casa de pau a pique”. “Depois nós fomos pra cidade, comecei a estudar, aí fui para Goiânia fazer o segundo grau e lá eu entrei na campanha da Anistia, (…) era militante de base, não tinha nenhuma função diretiva (…). Já era professor, comecei dar aula em 74, aí começamos a trabalhar para ter uma greve, 77 não deu certo 78 não deu certo né… como todo mundo naquela época, prendia de manhã e soltava à noite e apanhava para caramba da polícia. “Aí em 79 nós conseguimos fazer uma greve boa, 17 dias, paramos no estado”.
A partir daí contou um pouco da saga que foi a fundação do PT e da CUT, o cotidiano do trabalho de base. Falou sobre os diferentes grupos que atuaram na construção do partido, incluindo a corrente Causa Operária, que viria a se tornar o PCO nos anos 1990.
Apesar de desaprovar a operação Dilúvio de al-Aqsa liderada pelo Hamas na Palestina, parabenizou as ações do PCO em defesa do povo palestino:
“Quero parabenizar porque não pode deixar acontecer o que tá acontecendo. A rigor do ataque do Hamas que eu acho um erro político muito grande… a gente não concorda com a ação do Hamas, mas a resposta ela é muito violenta e não pode (…) eles arrumaram um argumento para exterminar os palestinos, nós não podemos concordar”.
O “mensalão”
Sobre o “mensalão”, Delúbio explicou como foi montada a farsa da campanha:
“O Roberto Jefferson faz uma denúncia… que o PT tava comprando deputado para votar com o PT, com o presidente Lula. Essa é a denúncia e nós fomos condenados por causa disso. Quando começam as apurações na CPI eu expliquei para todo mundo com detalhe, com documento, que nós fizemos foi pegar um dinheiro emprestado e pagar dívida de campanha do PT e dos aliados, isso é que aconteceu. Se isso era um crime, é um crime eleitoral e é uma tarefa da Justiça Eleitoral, mas fizeram no código penal para criminalizar as pessoas do PT e tirar de circulação as pessoas que eles achavam mais importantes do PT.”
Delúbio dá exemplos para demonstrar como esse processo foi montado para atingir quadros específicos, deixando de fora muitos outros. Ele cita, por exemplo, que a campanha eleitoral do atualmente anti-petista Ciro Gomes teve ressarcimento de 1,9 milhão de reais, depositados na conta de empresa do ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda. Ele sequer foi citado. Já o deputado petista Luizinho (Professor Luizinho), foi iniciado pelo ressarcimento de 20 mil reais gastos em pesquisas eleitorais. Gomes assumiu o Ministério da Integração Nacional no governo Lula e Lacerda tornou-se secretário executivo desse ministério.
O ex-tesoureiro explicou que nenhuma das mais de 400 testemunhas convocadas falou em “compra de votos”, nenhuma prova foi sequer apresentada nesse sentido. Enfatizou ainda que nenhuma das operações financeiras tiveram envolvimento de dinheiro público: “Inventaram aquela papagaiada da Visanet, que é uma empresa privada, que era uma parte do Banco do Brasil… inventaram que ali era dinheiro público. Não tinha um centavo de dinheiro público e nós fomos condenados por isso!”
E muito mais!
Não deixe de conferir na íntegra esse bate-papo com uma das lideranças do PT, que foi subtraída da vida pública após a perseguição do judiciário. Delúbio apresenta sua visão da trajetória política do PT e dos desafios colocados para a esquerda, relatando diversos episódios da sua própria experiência. E não perca os próximos episódios do KombiCast na COTV!