Trump revogou diversos decretos em seu primeiro dia como presidente dos EUA. Foto: reprodução

Organizações brasileiras que atuam em causas ambientais, direitos indígenas, igualdade racial, empoderamento feminino e combate à desinformação enfrentam incertezas devido aos cortes na ajuda externa dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump assinou um decreto impondo uma moratória de 90 dias para reavaliação de programas financiados pelo governo estadunidense, medida que pode impactar projetos essenciais no Brasil.

Entre os afetados, pode estar um programa de empoderamento de mulheres quilombolas em Minas Gerais, que recebe uma doação de US$ 125 mil do governo dos EUA. Com a suspensão dos repasses, a continuidade do projeto está ameaçada.

“Se resolverem cancelar de vez os recursos, teremos de acabar com o projeto”, afirmou Edna Gurutuba, presidente da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais, em entrevista à Folha de S.Paulo.

O decreto de Trump argumenta que parte da ajuda externa dos EUA “não está alinhada aos interesses americanos” e promove ideias contrárias aos valores do país. A Usaid, agência responsável por financiar programas de desenvolvimento internacional, já suspendeu desembolsos em algumas regiões da África, e organizações brasileiras aguardam definições.

Donald Trump em seu primeiro dia do novo mandato nos EUA. Foto: AFP

A política de Trump, marcada por ataques a iniciativas que considera “woke”, termo pejorativo para ações progressistas, inclui o corte de recursos destinados à igualdade racial, preservação ambiental e combate às mudanças climáticas. Ele também determinou aumento na exploração de combustíveis fósseis, retirou os EUA do Acordo de Paris e eliminou critérios de diversidade no governo.

O Centro de Trabalho Indigenista, que recebeu US$ 638 mil da Usaid em 2023 para recuperação ambiental em terras indígenas no Maranhão, teme os efeitos das mudanças. Jaime Siqueira, coordenador executivo do centro, afirma que, sem os recursos, as atividades terão de ser paralisadas. “A população indígena ficará prejudicada se os cortes forem confirmados”, disse.

Embora o Brasil não esteja entre os maiores receptores de ajuda externa dos EUA, os US$ 71,2 milhões enviados em 2023 sustentam diversas iniciativas. Na América Latina, o maior beneficiado é a Colômbia, enquanto, globalmente, a Ucrânia lidera os repasses com US$ 17,2 bilhões, seguida por Israel e Jordânia.

Especialistas destacam a gravidade dos cortes. Camila Asano, diretora da Conectas Direitos Humanos, critica as medidas como parte das “bravatas” de Trump. “As instituições democráticas americanas devem exigir transparência na destinação dos recursos, seja em cortes que sufocam entidades de defesa da igualdade ou no uso de dinheiro público para fomentar grupos excludentes”, disse à Folha.

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Last Update: 22/01/2025