“Não é necessário complicar logo de início. Quem, em um palco político, durante um discurso político, ergue o braço direito de forma vigorosa e repetidamente inclinado para cima diante de um público parcialmente de extrema-direita, está fazendo a saudação nazista. Não é preciso usar termos como ‘supostamente’, ‘parecido’ ou ‘controverso’. O gesto fala por si mesmo, está documentado em vídeo. Quem quiser reinterpretá-lo ou se recusar a ver a saudação nazista está agindo por conta própria. Aqueles que, por exemplo, neste momento insistem em identificar a antiga ‘saudação romana, demonstram principalmente sua disposição de reinterpretar convenientemente os fatos”.

O site alemão Zeit definiu assim o gesto do bilionário Elon Musk no comício de Donald Trump. Se os alemães entendem de alguma coisa, além de carros e joelho de porco, é de nazismo.

O paralelo com a ascensão de Hitler nos anos 30 não é exagero retórico.

Trump identifica culpados que, segundo ele, arruinaram a América e promete responsabilizá-los e colocá-los na prisão. Ele menciona “tribunais militares”, deportações em massa, e medidas duras para expandir o império em busca de “lebensraum” — espaço vital, como dizia Adolfo ao invadir o Leste Europeu.

Para Trump, os EUA se assemelham a uma cena de crime onde a ordem pode e deve ser restaurada, se necessário, por meio de ação policial. Os nazistas alegavam falar pelos alemães que se sentiam traídos na Primeira Guerra Mundial por criminosos domésticos, incluindo marxistas, oportunistas e judeus.

Sua visão era simultaneamente otimista e conspiratória: uma vez que o pântano fosse drenado, novas glórias emergiriam. No entanto, ao final de 1932, Adolf Hitler percebeu que as eleições populares na Alemanha não lhe dariam o poder necessário para “drenar o pântano”.

Donald Trump em seu primeiro dia do novo mandato nos EUA. Foto: AFP

No início daquele ano, Hitler ficou genuinamente surpreso ao perder a eleição presidencial para Paul von Hindenburg, de 85 anos. Ele novamente se surpreendeu ao não conquistar a maioria nas eleições parlamentares de julho. A participação nazista nos votos havia crescido significativamente: de menos de 3% nas eleições do Reichstag em 1928 para mais de 18% em 1930 e 36% em 1932. Nenhum outro partido conseguiu igualar a presença nazista em tantas localidades. Eles conquistaram votos tanto no campo quanto nas cidades; entre católicos e protestantes.

Mas não foi suficiente.

Hitler confundiu o tamanho de seus comícios com aprovação popular. No final do ano, ele entendeu o erro, levando a uma mudança de estratégia: ele cooperaria com as elites conservadoras para ganhar poder e usaria violência para mantê-lo.

Após sua primeira eleição em 2016, Trump entende que lidera uma insurgência, não uma verdadeira maioria. Mas, para impulsionar seu governo, Trump precisa convencer seu público de que fala pelos “verdadeiros americanos”.

Ele já distingue entre os “verdadeiros americanos” e os “errados”, entre salvadores vitimizados e criminosos poderosos, sugerindo fortemente que apenas o primeiro grupo é realmente americano.

Xingou a bispa que o confrontou em Washington, chamando-a de “esquerdista radical e atiçando seus cães sobre ela. Deus proteja Mariann Edgar Budde e todos nós.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 22/01/2025