A libertação de 90 palestinos mantidos como prisioneiros em cárceres israelenses gerou uma onda de celebração na Cisjordânia ocupada, marcando o primeiro ato concreto do cessar-fogo entre Israel e Hamas. Essa troca de prisioneiros também incluiu a libertação de três israelenses capturados. Nessa primeira etapa, estão 69 mulheres e 21 adolescentes, algumas com apenas 12 anos, muitas detidas sem qualquer acusação formal.

Entre as prisioneiras está a parlamentar Khalida Jarrar, de 62 anos, um dos nomes mais conhecidos das palestinas libertadas. Importante liderança da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e ativista dos direitos das mulheres, Jarrar enfrentou sucessivas detenções desde 2015 por sua luta pelos direitos do martirizado povo palestino. Sua prisão mais recente ocorreu em 26 de dezembro de 2023, na esteira da reação bárbara de “Israel” contra o povo palestino.

Após ser recebida em Ramalá, Jarrar declarou: “Vivemos uma sensação dupla: a liberdade que agradecemos a todos, mas também a dor de perder tantos mártires palestinos.” Outro nome de destaque é Rula Hassanein, jornalista e editora da rede palestina Wattan Media Network, que foi presa em março de 2023 por “incitação nas redes sociais”. Ambas estavam nos cárceres sionistas sob “detenção administrativa”, modalidade que permite às autoridades israelenses prenderemm suspeitos indefinidamente sem acusação ou veredicto judicial.

Além delas, a lista tem a jovem Alaa Khasib, de 20 anos, filha da também prisioneira incluída no acordo de troca Fatima Khasib. Alaa foi detida no mês de dezembro, nas proximidades da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. Alaa, Fatima e Dalal Khasib, mãe e tia da jovem, são familiares de Saleh Al-Arouri, vice-líder do Hamas assassinado por Israel no Líbano em 2024. Apesar da perda familiar e dos meses de encarceramento, a libertação foi descrita como um “alívio de um fardo insuportável”.

As condições deploráveis vividas pelos prisioneiros palestinos foram descritas por Abdelaziz Atawneh, um menino libertado, que declarou: “Saí do inferno e agora estou no paraíso. Lá eles nos violavam, batiam, jogavam gás lacrimogêneo em nós. Não havia comida adequada, nem mesmo doces ou sal.”

O relato de Atawneh reflete a situação criminosa das prisões israelenses, conhecidas por denúncias sistemáticas de tortura, detenções arbitrárias, negligência médica e toda sorte infernal de crimes contra a população palestina.

O cessar-fogo firmado entre o Estado nazista de “Israel” e a Resistência Palestina, liderada pelo Hamas, inclui uma troca massiva de prisioneiros, com a previsão de que até mil palestinos sejam libertados nas próximas semanas, em troca de 33 prisioneiros israelenses. Esse acordo histórico reflete a impressionante vitória conquistada pelo povo palestino em armas, mesmo diante da brutalidade de uma guerra genocida, que custou a vida de mais de 47 mil palestinos desde outubro de 2023, um número sabidamente subnotificado devido às condições extremamente precárias dos palestinos de terem a informação precisa sobre as baixas.

Por isso mesmo, a libertação foi recebida com entusiasmo por multidões que se aglomeraram em Ramalá, desafiando as proibições israelenses de celebrações, política defendida pela criminosa Autoridade Palestina (AP). Amanda Abu Sharkh, uma jovem de 23 anos, resumiu o sentimento coletivo:

“Todos os prisioneiros libertados hoje são como nossa família. Eles fazem parte de nós, mesmo que não sejam parentes de sangue.” Muhammad, um jovem de 20 anos recém-libertado, também descreveu sua alegria ao ver famílias reunidas: “Sei que há muitas pessoas inocentes na prisão, inclusive crianças e mulheres. Esse momento é uma grande vitória para nós.”

As celebrações, porém, não mascaram a brutalidade do sistema carcerário israelense, criticado internacionalmente por suas práticas desumanas. Em abril de 2024, o médico palestino Adnan al-Bursh morreu sob tortura no presídio de Ofer, enquanto milhares de outros detentos, incluindo crianças, permanecem encarcerados sob acusações frágeis, como jogar pedras em soldados.

As palavras de Basil Farraj, professor da Universidade Birzeit, resumem a profundidade desse momento: “A libertação de prisioneiros não significa que as condições de cativeiro mudaram. Esse regime carcerário é projetado para quebrar o espírito dos palestinos. Mas a Resistência segue viva em cada um deles.”

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 22/01/2025